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[Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis

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MensagemAssunto: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeDom 22 Dez 2013, 21:02

Metropolis
Capítulo 1 - Metropolis


- Ei Akira, será que já se passaram da meia-noite?
- Que diabos de pergunta é essa? Quem liga se já passou da meia noite...
- Ei, ei, não diga isso.. caso já tenha passado da meia noite já é seu aniversário. Oras são 18 anos, vamos, se anime.
- Humpf.. aqui não é o lugar para você me fazer uma festa de aniversário; concentre-se ou vai acabar morrendo.
 
Akira podia parecer, naquele momento, um tanto quanto ranzinza, mas estava com a razão. Era impossível pensar em aniversário na situação em que se encontrava. Tiros, explosões, mortes, desespero, caos.

Na última década do século XXI a humanidade se encontrava em putrefação. Os recursos naturais do planeta estavam cada vez mais escassos. Água, minerais, a fertilidade do solo; tudo se encontrava em quantias finitas. Milhões de pessoas morreram ao longo dos anos em que os humanos não entraram em um consenso sobre a degradação ambiental. Florestas foram derrubadas, os polos degelaram em velocidade cada vez mais assombrosa a cada ano, toneladas de gases poluentes foram lançadas na atmosfera. Os recursos do planeta foram usurpados em nome daquilo que chamaram de progresso e desenvolvimento. A cada ano que passava, revoltas populares se tornavam cada vez mais extremistas. Guerrilhas eclodiram em vários países. Quando a situação se tornou insustentável, os países se uniram e construíram a cidade internacional “Metropolis”, uma colossal aglomeração urbana que resistiria qualquer tempestade climática. Todavia, a divisão nesta cidade não foi justa. Os mais ricos ocuparam a parte alta e desenvolvida da cidade; os mais empobrecidos, ocuparam a caótica periferia que era imersa na miséria e eram obrigados a trabalhar horas e horas em condições sub-humanas para manter a cidade sempre operante. Insatisfeitos com essa situação, um grupo surgiu em meio a esse mundo de desespero para criar um novo paradigma para esse povo sofrido; era conhecidos como Revolucionários.

...

Metropolis, ano de 2091.
 
- Ufa! Ainda bem que conseguimos fugir daquele lugar. Eu pensei que ia morrer!
- Você é sempre muito despreocupado Yusuke. Uma hora dessas você vai acabar morrendo de verdade! – disse Akira em tom de repreensão para seu amigo de infância.
- Hahaha.. não seja tão duro com ele Akira, o importante é que vocês estão vivos. – disse um vulto que adentrava a tenda em que estavam os amigos.
Ao perceber a presença do homem de meia idade, os jovens se curvaram em sinal de respeito.
 
- Shirotaka-sama, como estão todos? Eles voltaram em segurança? – perguntava Akira, aflito.
- Oh.. vocês estão feridos? Vocês já passaram na tenda da Hana? Eu acho que vocês deveriam ir lá afinal.. – tentava o homem desconversar.
 
Um esmagador silêncio se fez depois da última pontuação feita pelo homem. Os jovens olhavam-no com apreensão e angústia. O homem ponderou, fechou os olhos por um momento, fazendo crescer a expectativa pela resposta, e quando os abriu novamente, disse:
- Infelizmente tivemos muitas baixas, Akira. A missão foi um fracasso.
A frase do homem caiu como uma bola de demolição sobre os jovens; destruiu seus ânimos e esperanças.
- Não se preocupe com isso Akira – consolou o homem ao ver a expressão de tristeza na face jovem do discípulo – A guerra ainda não está perdida, nos iremos com certeza, conquistar Metropolis e livrar todo esse povo desta miséria. Por hora, apenas descanse. Você também Yusuke; vocês fizeram um bom trabalho hoje, estou orgulhoso de vocês. Aliás, feliz aniversário Akira. - disse o homem tentando esboçar alguma felicidade, embora que fosse impossível.
 
Depois disso, o homem saiu da tenda onde se encontrava os jovens. Um breve silêncio se manteve depois no local.
Yusuke, ao ver que seu amigo tremia depois de tal notícia, foi tentar consolá-lo assim como o líder dos Revolucionários fez outrora.
 
- Não fique assim Akira. Nós temos o Shirotaka-sama do nosso lado, não tem como a gente per... – antes de completar sua fala motivacional, o jovem é interrompido pelo amigo.
- Escute Yusuke. Eu não vou mais deixar que ninguém morra. Da próxima vez, eu irei botar um fim nessa guerra e nessa miséria! Ninguém mais vai ter que viver nessas condições. Eu vou salvar este povo; vou leva-los a um futuro confortável, próspero em que todos possam viver em paz. – disse Akira cerrando os punhos em tom colérico.

Ao ouvir o juramento do amigo, Yusuke esboçou um ligeiro sorriso – Akira, seu idiota, você não muda mesmo.


Última edição por Kalki em Dom 29 Dez 2013, 23:43, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeSeg 23 Dez 2013, 21:55

Capítulo 2 - Akira e Yusuke, Laços de Irmandade


Ao ouvir aquelas palavras ditas por Akira, um filme começou a passar na cabeça de Yusuke, sobre o passado, dores e desafios que ambos viveram juntos.

Oito anos antes.

- Ei, ei, ei, não mexa nisso seu pivete trombadinha! Ei... Alguém pegue esse moleque, ele roubou minhas frutas! – Berrou o velho barbudo após perceber que estava a ser roubado por um franzino, porém peralta garoto de cabelos lisos e castanhos.
O garoto correu como se sua vida dependesse disso. Quando percebeu que não estava mais sendo seguido, parou, sentou em um beco úmido, fétido e escuro, para comer as frutas roubadas.
- Ufa! Ainda bem que consegui essas frutas; estou morto de fome.
O jovem abocanhou com vontade uma das maçãs furtadas – Egh, que gosto horrível. Essa maçã deve estar podre; maldito velho, ele pretende me matar vendendo uma porcaria dessas? – se queixou o jovem larápio.
- Não coma isso. Essa maçã deve estar contaminada. – sussurrou uma voz na penumbra do beco.
- Quem está ai? – perguntou o outro com tom de curiosidade e receio.
 
Naquele instante surgiu em meio à sombra uma pequena figura, outra criança de rua.
 
- Ahhh, você me assustou sabia? – disse o ladrãozinho de maçãs. – Você disse pra eu não comer essa maçã, mas não vou nem tentar, o gosto é horrível. Eu não sei o que acontece com essas frutas; são todas amargas. – continuou ele.
 
- São todas amargas por que o solo onde foram plantadas foi contaminado. Isso aconteceu com o planeta todo. Dizem por aí que não sobrou nenhum lugar em que se possa plantar e colher bons frutos.
 
- Hein? E como você sabe de tudo isso? – questionou-o.
- Ah, um velho me contou. Ele me contou muita coisa; graças a ele e a tudo que ele me ensinou eu pude sobreviver até hoje.
- Entendi. – respondeu o outro jovem com um tom melancólico. – E onde está esse velho? – interrogou a primeira criança.
- Ele já morreu – respondeu.
 
Depois de ouvir tal resposta, o garoto das maçãs sentiu-se arrependido por ter perguntado. Um ligeiro silêncio sem manteve no beco.
 
- Mas então, eu ainda não sei o seu nome. Como você se chama?
- Ah haha, meu nome é Yusuke! – respondeu com um sorriso faceiro no rosto. – E o seu? – replicou ele.
- O meu é Akira. – disse o jovem de maneira simples, porém terna. – Eu vi que você roubou maçãs, acho que você deva estar com fome. Tome isto, posso assegurar que são melhores que essas maçãs – disse ele ao mesmo tempo em que estendia a mão e entregava um pequeno pedaço de pão.
- Você tirou isso do lixo? – disse Yusuke arqueando as sobrancelhas em tom de asco.
- Sim. Esse lixo veio da parte onde os ricos moram. O que eles comem é plantado em lugares menos poluídos e por isso é menos contaminado. Foi o velho quem me disse. – disse Akira respondendo.
 
Yusuke comeu.
 
- Então quer dizer que você não rouba e sobrevive apenas comendo restos do lixo?
- Sim. Eu não roubo; é injusto roubar de quem pouco tem. Foi o velho quem me ensinou assim. E como eu disse, o que vem do lixo da Acrópole¹ é o mais seguro de se comer. Aqueles bastardos deixam a comida mais contaminada para os pobres. É por isso que tanta gente morre de doenças desconhecidas.

...


Depois daquele dia, Akira e Yusuke jamais se separaram. Viveram no caos e na pobreza juntos. Conheceram outras crianças abandonadas, todavia foram os únicos a sobreviverem à truculência da Polícia Metropolitana, à fome, às doenças e falta de condições mínimas de se viver.
 
Aos poucos os dois jovens se tornaram mais próximos aos ideais dos Revolucionários. Até que conheceram Shirotaka, o líder das forças revoltosas.

...
 
- Por que eu deveria permitir que vocês se juntassem a nós? Vocês são apenas pirralhos.- disse Shirotaka intransigentemente.
 
Os garotos expressaram faces consternadas pela resposta negativa do homem. Imediatamente Akira esbravejou:
 
- Eu não vou sair daqui até que você nos aceite! Nós já passamos por muita coisa na vida até aqui, sobrevivemos para que pudéssemos fazer parte dos Revolucionários. Passamos fome, frio, vimos nossos amigos morrerem sem nenhuma ajuda do Governo Metropolitano! Ver mais gente sofrer e viver neste inferno sem poder fazer nada. Eu não posso conviver com essa revolta que vive dentro de mim, sem que eu possa fazer justiça por todos aqueles que morreram na minha frente. Por favor nos deixe fazer parte do grupo de vocês! – neste momento o jovem decaiu sobre seus joelhos em prantos que expressavam sua indignação com a situação que foi forçado a viver desde muito cedo.
 
- Garoto, um guerreiro de verdade nunca abaixa sua cabeça. Levante-se, Revolucionário! – disse Shirotaka em tom aprazível.

 
...
 
Dias atuais.
 
- Rapazes vocês estão bem? – Disse Hana ao entrar esbaforida na tenda onde estavam os dois garotos e acabou por tirar Yusuke do transe nostálgico em que se encontrava. – Oh.. que bom ver que vocês dois não estão feridos! – disse ela aliviada ao abraçar cada um dos rapazes.
 
- Nós escapamos, mas tantas outras pessoas morreram. Pensávamos que conseguiríamos dessa vez, mas falhamos como sempre. Perdemos muitos companheiros. – disse Akira contrastando tons lúgubres e vociferes.
 
- O importante é que vocês estão a salvo. Vocês são duas partes essenciais para a nossa futura vitória. São exímios soldados e seus ideais de justiça são inabaláveis. Não desistam, por favor! – disse a formosa moça, responsável pelos trabalhos médicos no grupo dos Revolucionários, a fim de re-encoraja-los.
- Ela tem razão Akira, a guerra não está perdida. Os grupos Revolucionários são formados por milhares de pessoas. Ainda temos chance! – aderiu Yusuke na tarefa de incentivar o amigo.

- Eu não deveria estar te contando isso agora, meu irmão disse que o chefe está mantendo isso em segredo para que isso não chegue aos ouvidos da Polícia Metropolitana e ao Governo, mas ele está planejando um novo motim para tomar a cidade. Será nossa grande chance, Akira!

__________________________________________________________


¹Acrópole: Do grego "cidade alta". É a parte mais alta e bem localizada de Metropolis, onde moram os ricos que detém melhores condições de vida, infra-estrutura e assistência por parte do Governo Metropolitano.


Última edição por Kalki em Dom 05 Jan 2014, 23:58, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeSáb 28 Dez 2013, 15:28

Capítulo 3 - Seikatsu


- O que? Você tem certeza disso Hana? – Perguntou Akira exasperado, tomando-a pelo braço e fazendo a sacolejar devido a sua incredulidade.
- Sim, tenho.. hehe.. – Respondeu ela esboçando um sorriso amarelo como se tivesse percebido que não deveria ter contado tal segredo. – Olha Akira, isto é segredo! Não conte isso pra ninguém – continuou ela agora com uma expressão serrada no rosto a fim de repreender qualquer tentativa do jovem em espalhar a notícia. – Isso serve pra você também, Yusuke! – Olhou ela fixamente para alertar o outro.


- Mas como você ficou sabendo disso? Isso é assunto de alta cúpula dos Revolucionários. É algo muito sério.
- Meu irmão é um dos telepatas. Ele pode se comunicar mentalmente com qualquer pessoa! Ele me contou isso ontem. Ele me disse também que está vindo pra cá pra acertar os detalhes com o chefe. – Respondeu ela a dúvida de Akira.
 
E de fato os Revolucionários já estavam elaborando outro golpe. Diante da imensidão que era a cidade de Metropolis, os guerrilheiros se dividiram por várias localidades da cidade, formando vários pequenos grupos. O irmão de Hana, Hayato, era um dos líderes de um grupo que se localizava no extremo norte da grande cidade. Não se tratava somente de uma articulação entre o grupo de Hayato e Shirotaka; corriam os boatos de que toda a força Revolucionária estava se unindo para um grande e massivo ataque a fim de tomar de uma vez por todas o controle da cidade.
 
Durante os muitos anos de luta e guerra na cidade de Metropolis, as tropas dos guerrilheiros tiveram muitos avanços e perdas, principalmente humanas. Praticamente toda a periferia de Metropolis foi dominada por diferentes grupos de guerrilhas. Milhares de soldados de ambas as partes morreram diante a intensa luta que se acirra a cada dia. Atualmente, apenas a Acrópole, permanece intacta e intocada. Protegida por rijas muralhas fortificadas com “sexto sentido”.

...


- Está bem então. Está na hora de você começar seu treinamento, já que quer tanto ser um Revolucionário.
Akira olhava para aquele homem imponente e corpulento com respeito e admiração; queria ele, um dia, ser tão forte quanto.
 
- Antes de tudo, vocês dois precisam aprender uma coisa básica, antes de entrar neste treinamento. O conceito do seikatsu. A alguns anos atrás, cientistas descobriram que o corpo humano era capaz de produzir uma quantidade energética única, que se canalizada era capaz de ser utilizada para vários fins. Essa energia vital, passou a ser utilizada para manter a sociedade que conhecemos atualmente em atividade, já que todos os recursos naturais energéticos se tornaram tão escassos quanto a própria existência humana.
 
- Eghh.. que assunto mais chato! – Interrompeu Yusuke, o discurso de Shirotaka, cruzando os braços e fazendo bico. – Calado seu pirralho! – berrou o homem socando-lhe a moleira.
 
– Continuando... – disse o homem olhando de rabo de olho pro jovem peralta a fim de repreendê-lo. – É como essa energia que Metropolis vive. Essa energia hoje é usada para tudo.. Para gerar eletricidade para as casas; para mover os auto-flying¹; para gerar munição para as armas usadas pela Polícia e para diversos outras coisas que você pensar.
 
- Uau! – disse Yusuke impressionado com brilho nos olhos como se o outrora assunto chato, tivesse se transformado em um imenso parque de diversões. Isso é verdade mesmo Shirotaka-sama? – continuou ele perguntando curioso.
 
- Sim meu jovem. É não é só pra essas inúmeras utilidades que usamos essa energia. Nós revolucionários conseguimos dominá-la para lutar contra a Polícia e tentar dominar a cidade. – Naquele instante em que se findou a fala do líder, surgiu em sua mão direita, um pequeno vórtice de vento. – Se você aprender a como usar essa energia a seu favor, você poderá lutar e poderá ser forte! – Terminou ele em tom de entusiasmo.
 
- Nossa! – E quando vamos aprender a fazer essas coisas legais? Esses ventos? Essas coisas... eu quero, eu quero, me ensina, me ensina, por favor Shirotaka-sama!!! – Disse Yusuke não podendo se conter em si mesmo de tanta excitação.
 
- Hahahahaha.. você é mesmo um jovem curioso! – Gargalhou o homem. – Prepare aquilo para eles, Abacchi. – De repente, surge uma linda mulher de longos cabelos loiros em uma sensual trança, a responder o pedido do chefe do grupo dos Revolucionários. – Ok, querido.
 
- Akira, Yusuke, está é minha adorável esposa, Abacchi! – Disse o homem orgulhoso da beleza da mulher. – Não se metam com ela! – Aproximou-se dos dois garotos e disse em tom de ameaça.
- Hahaha.. não os assuste assim querido; eles são apenas crianças.

Diante de todas aquelas informações e de um mundo novo que se abria, Akira permaneceu o tempo todo sério e centrado na explicação de Shirotaka. Ao perceber a hesitação do jovem, o homem foi ter uma palavrinha particular enquanto Abacchi levava Yusuke para outro lugar.
 
- Qual o problema Akira? Está a fim de desistir? Ainda há tempo, hahahaha. – Disse ele gargalhando.
 
- Eu estou pronto!
O semblante do garoto mudou completamente.
 
- Entendo. Você nunca esteve hesitante ou pensando em desistir deste mundo de riscos, sacrifícios e mortes que é a vida de um Revolucionário. Você estava apenas excitado com tudo isso; clamando pelo treinamento e por tudo que o destino te reserva. Hehe.. – Pensou o homem Shirotaka enquanto via a determinação do jovem pulsar em sua pele e olhos.
 
- Vamos; eu vou te levar a câmara de treinamento. – Tocou no ombro do menino ao dizer.
 
Depois de uma breve caminhada, passando por ruelas empoeiradas, casebres de lata e lona onde descansavam os soldados da Revolução cotidianamente, os dois chegaram a um beco e se encontraram com Abacchi e Yusuke.
 
- Oh.. vamos entrar então. – disse Shirotaka.
Naquele momento, o homem canalizou uma grande energia em suas mãos; uma grande ventania se formou até que ele, ao tocar no solo, abriu um imenso alçapão que os direcionava para algum lugar no subsolo. Eles desceram os rústicos e improvisados degraus, cruzaram por um estreito e escuro corredor, até chegarem em uma saleta tão escura quanto.
Ao canalizar outra quantidade de energia, luzes se acederam formando uma pequena penumbra no local. Podia-se ver estranhas câmaras em formato retangular como se cada uma delas pudessem condicionar um humano dentro.
 
- O que é isso? – perguntou Yusuke, curioso com tudo aquilo.
- É o local que irá determinar o futuro de vocês como Revolucionários!


__________________________________________________________

¹Auto-Flying: Veículos planadores, individuais ou coletivos, que usam como combustível, o seikatsu.


Última edição por Kalki em Qui 16 Jan 2014, 22:18, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeSex 03 Jan 2014, 17:11

Capítulo 4 - Seikatsu Parte II


“Akira e Yusuke estavam impressionados com o que acontecia ali. Era muita informação para que os dois pudessem assimilar tão facilmente. Na saleta, haviam quatro Seru Kenryoku – nome das máquinas em que os dois jovens seriam colocados mais tarde, dispostos um ao lado do outro e conectados a um grande cabo matriz que desaparecia entre a parede e terminavam em outra saleta onde havia um outro Revolucionário que operava tais aparelhos.

- Muito bem, vamos começar então. – Iniciou Shirotaka fazendo os primeiros preparativos. – Cada um de vocês devem entrar em cada uma das máquinas. O tempo que ficarão ai dentro... – passou o homem – dependerá do corpo de vocês. – terminou ele com uma expressão amena, porém séria.

- Como assim? Quer dizer que vamos passar muito tempo ai dentro sem sequer saber quando a gente vai sair? – Perguntou Akira, incrédulo.
- Depende. Vocês podem sair pouco tempo depois de entrarem; todavia, sairão mortos! – Cerrou o líder.

E de fato aquela empreitada parecia cada vez mais incerta. Entrar em tais máquinas representava confiar a elas sua vida.

- Seru Kenryoku... - reiniciou Shirotaka – essa máquina foi inventada a alguns anos atrás quando as pesquisas com Seikatsu avançaram com sucesso. Cientistas do mundo todo se reuniram para criar um modo de fazer as pessoas utilizarem a energia do Seikatsu para muitos fins. Basicamente, esta máquina é a representação da sobrevivência da espécie humana neste mundo depois de tantas catástrofes climáticas.

- Mas você disse que a gente pode morrer.. eu não vou entrar nessa geringonça de jeito nenhum! – disse Yusuke temeroso.

- Sim, vocês podem. A máquina funciona da seguinte maneira; Ao emitir uma luz ultravioleta pulsante, ela vai forçar as células a quebrarem a barreira que impede que qualquer pessoa produza e libere Seikatsu livremente. O corpo vai reagir reconhecendo isso como uma ação nociva ao corpo e vai passar a produzir Seikatsu como modo de defesa. É neste processo que você pode morrer. Se seu corpo não for resistente o suficiente, ele não tolerar essas micro agressões e entrará em um colapso metabólico e vai acabar ti levando a morte. – Explicou Shirotaka.

- E quanto tempo temeremos que ficar ai dentro? – Perguntou Akira.
- Isso depende. Cada corpo humano possui uma estrutura diferente. Ninguém é igual a ninguém. Considerando que você sobreviva ao processo, tudo depende de como seu corpo reagirá à luz pulsante e o quão resistente a ela ele é. Você pode ficar dois ou três dias ou até mesmo mais de uma semana.

- Espera.. e como vamos saber se o processo já terminou? – Agora foi a vez de Yusuke questionar.
- Não subestime esta máquina. Ela estará fazendo uma leitura biológica do seu corpo, funções vitais e de como as barreiras celulares estão sendo atingidas pela luz e como o corpo esta produzindo Seikatsu. Ela irá parar quando ela ler que seu corpo passou por todas as etapas do processo.

Ao ouvir aquilo tudo, os dois jovens tragaram secos. Depois de um breve momento de hesitação, Akira quebrou o silêncio que se instalou depois do fim da fala de Shirotaka:

- Pode começar! – Disse ele com vigor e determinação na voz.
Encorajado pela decisão do amigo, Yusuke disse enquanto Shirotaka esboçava um ligeiro sorriso:
- Eu também vou!”


...


Dias atuais.

Aquele dia havia sido mais um dos muitos tumultuados na grande cidade de Metropolis. A fim de encontrar e combater os Revolucionários, a Polícia Metropolitana operou um cirúrgico ataque a vários pontos da periferia da cidade. Novamente a cidade se tornou um campo de guerra sem igual. Vários membros de grupos Revolucionários espalhados por toda a cidade foram presos ou desapareceram diante do ataque surpresa. Civis amedrontados em meio ao fogo cruzado morreram diante das explosões, destruição e caos. Foi neste dia que Akira completou seus 18 anos.
 
- Entendo. Precisamos nos organizar para que o ataque tenha sucesso. Quando é que o chefe pretendia nos contar? – Disse Akira depois de saber por Hana, sobre o ataque que todos os grupos Revolucionários preparavam debaixo das sombras para não serem descobertos.

...


“Depois de conduzir Akira e Yusuke para suas respectivas câmaras nas quais eles ficariam reclusos até que o processo de despertar o Seikatsu terminasse, Shirotaka deixou a sala e foi repousar em sua tenda com sua esposa, Abacchi, ao som de gritos e urros de dor e lamúria. Já havia começado.

Quatro dias depois.

- E então, Ao? – Perguntou Shirotaka, ao chegar na saleta onde o processo era acompanhado por telas computadorizadas que informavam as condições vitais e em que estágio estava o processo, ao homem que aparentava já passar dos 50 anos e que possuía um notável bigode grisalho. – Como vão minhas crianças?
- Elas vão bem, apesar de tudo, Shirotaka-sama. – Disse ele com pena por tais crianças estarem passando por tamanho sofrimento físico. – Acho que encontramos dois ovos de ouro afinal. – Disse o homem que comandava as pesquisas científicas do grupo de Revolucionários liderados por Shirotaka.

- Mesmo? – Perguntou o líder esboçando entusiasmo na voz, porém contrastando com sua expressão facial amena.
- Sim, veja só – disse o cientista apontando o indicador para uma das seis telas que haviam na abafada sala – Veja, parece que temos um Sahasrara entre nós. – Disse o velho com entusiasmo. – Oh.. parece que o processo terminou para todos. Vamos lá ver como eles estão. – Disse o velho assim que foi anunciado na tela, o fim do processo de todas as máquinas da sala ao lado.

Depois de alguns minutos de caminhada entre um cômodo subterrâneo e outro, Ao abre três dos quatro Seru Kenryoku ali presentes. Em dois deles, estavam Akira e Yusuke; ambos com expressões de completa exaustão física. Os dois rapazes tiveram que ser aparados por Shirotaka e Ao para não desabarem ao chão por não conseguirem nem mesmo se manterem de pé. Da terceira máquina, saiu uma formosa garota de cabelos lisos, longos e pretos como o céu numa noite sem luar.

- Oh.. minha querida Hana, como está se sentindo?”
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeDom 05 Jan 2014, 19:00

Capítulo 5 - Seikatsu Parte III - Akira e Hana



Akira, logo após sair do Seru Kenryoku, totalmente exaurido, percebia que não era somente ele e Yusuke que estavam trancados naquelas máquinas. Todavia, se espantava com a visão que tinha; era um misto de admiração pela profunda beleza e graciosidade da menina e espanto de como ela conseguiu sair daquele confinamento, tão radiante e fresca; até parecia que nada tinha acontecido.
              
- Sim Shirotaka-sama. Estou me sentindo bem, acho que finalmente estou conseguindo controlar meu Seikatsu, poderei finalmente honrar meu pai. - disse a menina em tom aprazível de voz, respondendo a pergunta do chefe.
 
Era de se espantar que uma menina de aparência tão frágil conseguisse suportar todo o inferno que tais máquina provocam no corpo.
 
- Levem-nos para o posto médico. Eles precisam se recuperar dessa maratona. Quando isso acontecer, continuaremos com seu treinamento - disse Shirotaka.
 
Os garotos foram dirigidos a uma tenda que tinha por função ser a enfermaria do grupo dos Revolucionários. Eventualmente, eles atendiam os civis, que sem condições financeiras não eram enviados aos hospitais da Acrópole. Mesmo usando técnicas oriundas do Seikatsu, as condições eram mínimas; aquele local mal podia ser chamado de enfermaria. Era uma improvisação necessária, porém, totalmente precária.
 
Depois de receber o atendimento necessário, Akira e Yusuke receberam visitas dos Revolucionários dando boas vindas pela integração deles ao grupo. Era como uma tradição, oferecer apoio aos que resistiam ao Seru Kenryoku; um ritual de iniciação que os inseriam na família que era o grupo liderado por Shirotaka.
 
- Como vocês estão se sentido? Acho que vão ficar de cama por um bom tempo.. hi hi hi - ecoou pela tenda uma voz doce, gentil e afável; era Hana quem acabava de entrar.
 
Naquele momento, o coração de Akira foi à boca. A goela secou e ele começou a soar com a entrada repentina da menina na tenda.
 
- Oh.. você.. o que você faz aqui? - disse ele pausadamente gaguejando.
- Oras, eu vim dar as boas vindas a vocês, como todos os outros. Agora que vocês resistiram ao primeiro estágio do Seru Kenryoku, vocês são parte do nosso grupo. - Disse ela educadamente com um sorriso na face.
- Ah... - suspirou Akira desviando o olhar para algum canto da tenda com se evitasse encarar a garota.
 
- Uaaaaaaaaaaaau.. quer dizer que agora nós somos que nem aqueles caras fortões e que usam aqueles poderes legais? Eu só quero ver o eu serei capaz de fazer agora que sou forte.. será que serei capaz de cuspir fogo como um dragão? Ou voar como pássaro? Ou congelar qualquer coisa que eu tocar? - disse Yusuke, com um brilho inexplicável nos olhos, fantasiando freneticamente milhares de possibilidades em meio aos risos contidos e tímidos de Hana.
 
- Mas então.. você disse algo sobre primeiro estágio, quer dizer que existe um segundo? - Perguntou Akira.
 
- O quêêêê? - Berrou Yusuke - Eu não vou voltar pra aquela máquina de jeito nenhum. Aquilo me dá medo. Olha só como a gente ficou.. se voltarmos vamos é morrer..
 
- Ah.. vocês não sabem? Agora que vocês completaram a primeira parte e despertaram o Seikatsu, vocês devem visitar o Seru Kenryoku para aprenderem a dominar e canalizar energia e como usá-la. Isso leva um pouco mais de tempo; vocês terão que passar por várias seções na máquina. Eu por exemplo já estou na minha quinta seção. Estou quase pronta pra usar o meu Seikatsu conforme eu quiser. - disse a menina esperançosa.
 
- Oh.. então era isso que você estava fazendo lá?
- Sim. As seções para se controlar o Seikatsu são bem mais tranquilas, não há exaustão assim como aconteceu com vocês. - respondeu ela para Akira.
 
Isso explicava o por que ela não esboçar nenhum sinal de cansaço quando saiu das máquinas no dia que conheceu Akira e Yusuke.
 
Dias, semanas, meses se passaram desde aquele primeiro encontro.
Akira, Yusuke e Hana construíram juntos grandes laços de amizade e carinho mútuo. Treinaram duro para aprimorar suas habilidades e se tornarem cada vez mais fortes e úteis na luta por uma vida mais digna na cidade de Metropolis. Conviveram com a rotina de combates, mortes de companheiros ou de pessoas inocentes; perderam amigos e continuaram firmes com um único ideal, juntos, pois assim era mais fácil de sobreviverem.

 
 
... 
 
Seis anos depois daquele dia.


- Olha só esses seus ferimentos. Você é tão inconsequente; precisa se cuidar mais. O que será de você se seu corpo definhar? - Aplicava, Hana, uma bronca em Akira depois de mais um dia de luta contra a Polícia em algum local da imensa cidade.
 
Akira apenas olhava a garota, agora com 16 anos, assim como ele, curá-lo com uma técnica usando Seikatsu e em seguida enrolar kakkizukerus¹ em partes específicas do corpo do jovem.
 
- Seu idiota.. acho que você faz isso de propósito. Não pensa que existem pessoas que se preocupam contigo? - continuou Hana em seu sermão - Você não aprende mesmo....
 
De repente, Akira pegou a mão da jovem que naquele momento tocava o peitoral do garoto a fim de curar as feridas que nele existiam. Hana olhou, com as maçãs coradas, para o rosto de Akira, agora mais viril que a seis anos atrás. Lentamente seus rostos se aproximaram até que colidiram em um terno e gracioso beijo.
 
- Deite-se. Eu vou ti curar.
 
Akira agilmente cumpriu o que ela disse e ficou a mercê da garota médica. Logo após, Hana tomou a iniciativa e beijou-o novamente. Um beijo especial, quente, molhado, carinhoso. Imediatamente os dois começaram uma troca de lânguidas carícias; abraços, beijos e toques sucediam-se um atrás do outro e uma velocidade que aos poucos tornava-se mais frenética.
 
Enquanto isso, Akira sentia em todo seu corpo uma sensação que jamais sentira. Seu cansaço havia desaparecido; as feridas que restaram lentamente se fechavam enquanto era acariciado pela doçura da jovem. Em contrapartida, Hana arrepiava-se quando tocava, o agora forte e esbelto corpo do adolescente, ou quando era tocada pelas mãos firmes dele. Em meio àquela troca de afagos, feromônios e paixão, Akira foi completamente revigorado; em todos os sentidos.

 
... 
Atualmente.
 
Akira, Yusuke e Hana repercutiam sobre o último dia de luta e de combate contra a Polícia Metropolitana e também sobre o a notícia levada pela garota aos dois jovens, quando de repente um outro jovem adentrou, afobado, na tenda em que os três estavam.
 
- Pessoal, algo terrível aconteceu... - pausou ele devido estar com a respiração ofegante - o Tohma.. - uma nova pausa sucedeu a primeira causando ainda mais tensão e suspense na fala do garoto, que já lacrimejava os olhos.
 
- Diga logo, Kenshin estamos curiosos! - Gritou Yusuke exaltado com a demora do outro em noticiar o acontecido.

- O Tohma.. ele... ele foi capturado pela Polícia Metropolitana!!


____________________________________________________________


¹Kakkizukerus: ataduras medicinais especiais tecidas com algodão sintético e Seikatsu. Usadas para acelerar a recuperação de alguns tipos de feridas, cansaço e fadiga, devolvendo ao corpo, a energia vital perdida pelo uso excessivo de Seikatsu.
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeQui 09 Jan 2014, 01:31

Capítulo 6 - O Rio e a Montanha


Os três jovens estavam estarrecidos. A notícia que Tohma, um notável médico, bem como um exímio guerreiro, havia sido capturado parecia ser surreal demais. Desde muito cedo, o garoto aprendeu e desvendou muitos segredos sobre o uso do Seikatsu e das consequências disso para o corpo. Diariamente aplicava seus conhecimentos em prol da ideologia Revolucionária e nos cidadãos carentes de Metropolis. Tudo que Kenshin contava, parecia um chiste, uma piada de mal gosto, um delírio.
 
- Kenshin, você já avisou ao Shirotaka-sama? Ele precisa saber disso; precisamos urgentemente iniciar buscas pelo Tohma! – Disse Akira aflito ao pensar na situação terrível em que o amigo se encontrava.
 
- Isso é impossível. Tohma possui grandes habilidades de combate. Ele tem aquilo! Quem seria capaz de derrota-lo assim? – Falou Yusuke ainda sem acreditar naquilo.
 
- Precisamos manter a calma – ponderou Hana tentando encontrar serenidade em meio as emoções a flor da pele – Kenshin, quem ti contou sobre isso?
 
- É verdade. Isso pode ser um truque da Polícia para tentar nos separar e desestabilizar. Eles devem estar tramando alguma coisa. – Disse Akira, agora com mais tranquilidade tentando encontrar alguma lógica ao que foi dito pelo ainda menino Kenshin.
 
- Foi o Saito. Ele disse que viu a Polícia carregando o corpo do Tohma quando ele estava desmaiado. Disse também que ele viu isso lá pelas bandas do Distrito 29¹. – Respondeu o menino lacrimejando os olhos ao pensar na perda do amigo.
 
- De fato isso confere com a posição que o Tohma estava. – Citou Hana. – Nós, os médicos, fomos espalhados por alguns Distritos para ajudar os civis a escaparem vivos depois da patrulha surpresa feita pela Polícia. Tohma foi mandado para esse local, por que justamente não fica muito longe daqui.
 
Depois dessas últimas evidências, os três Revolucionários, acompanhado do membro juniores do bando, correram até a tenda de Shirotaka para noticiar o ocorrido e assim, partirem para uma busca pela cidade.
 
- Shirotaka-sama, o Tohma, ele desapareceu! A última vez que ele foi visto ele estava sendo carregado por agentes da Polícia. Temos que fazer alguma coisa! – Exasperou Akira assim que entrou na tenda do líder.
 
Ao ver os quatro jovens ofegantes pela corrida e pela ebulição de sentimentos, Shirotaka olhou-os firmemente, sem dar algum sinal de resposta ou reação à notícia.
 
- Shirotaka-sama, você me ouviu? O Tohma foi capturado. – Berrou o jovem, dessa vez ainda mais alto como tentativa de fazer o homem ouvi-lo desta vez.
 
- Akira, eu já sei do que aconteceu ao Tohma. – Disse o líder em tom sereno como se o fato não apresentasse tal gravidade. – Tora já percebeu que a Seikatsu dele desapareceu da cidade de Metropolis. Não podemos fazer mais nada.
- O que você está me dizendo velho? – Tomou, Akira, Shirotaka pelo colarinho do kimono que o homem vestia, em tom de fúria e um olhar ameaçador. – Você quer que eu fique parado enquanto eu vejo o Tohma sumir e quem sabe morrer? O que deu em você? – Disse ele enquanto segurava o líder dos Revolucionários com afinco.
 
- Você não entendeu o que eu disse Akira. – Respondeu ele indiferente a posição que havia sido subjugado pelo discípulo. – Neste momento só há uma resposta para o desaparecimento de Tohma; ele está morto. – Disse enquanto Akira juntava lágrimas aos olhos, pela inconformidade e cólera que sentida.
 
Naquele momento, as mãos de Akira começaram a se tornarem cada vez mais quentes e sua pele mais incandescente.
 
- Tem certeza que você está ciente do que planeja fazer, Akira?
 
Em um piscar de olhos, Akira lançou sobre a face do homem uma imensa labareda que destruir toda a tenda em que eles se encontravam. Abacchi, que estava junta do marido quando recebeu a visita dos jovens, Hana, Yusuke e Kenshin, foram arremessados tamanha a pressão do ataque.
 
- Vocês estão bem? – Perguntou Yusuke para Hana e Kenshin, cujos quais, ele tinha contrabalanceado o ataque de Akira com um escudo, também feito de fogo.
- Sim. – Responderam ambos rapidamente.
- Eu não acredito que ele está a fim de confrontar o chefe. – Continuou ele.
 
Naquele momento a fumaça e poeira levantadas pela carbonização, pairaram junto com um silêncio no local.
 
- Você se esqueceu do meu poder, Akira? – Disse Shirotaka, sem nenhum arranhão a alguns metros de distância do jovem que lhe desferiu o ataque. – Não tente lutar comigo, é inútil. Além do mais, eu tenho algo mais a ti dizer. – Realmente você pensaria que, se a Seikatsu de Tohma desapareceu, ele estaria morto, mas há algo que você desconhece. Há outra possibilidade que explicaria isso. Avici, o submundo infernal. – Completou o homem, mantendo a mesma serenidade de sempre.
- Avici? – Questionou Akira.
 
- De onde você acha que vem o Seikatsu que mantem esta cidade viva? Todas as operações que a torna pulsante e ininterrupta? Dos humanos, é claro. Mas onde você acha que todas essas pessoas são colocadas para trabalhar sendo que a cidade se divide em apenas Acrópole, onde estão os ricos que se aproveitam da Seikatsu alheia e não movem uma palha por esta cidade e Periferia, onde estão pessoas como nós, os pobres, sem nenhum tipo de assistência do Governo Metropolitano, abandonados à própria sorte a rastejarem esperando por alguma misericórdia divina e pela morte?! Sei que você sabe que nenhum habitante pode cruzar as muralhas que separam a cidade e sequer pisar no outro lado. Então, onde? Onde estão todos os braços e pernas que fazem a engrenagem girar? – Dizia o homem enquanto via a feição de dúvida no rosto do jovem Revolucionário.
 
- Sim, eles estão debaixo da terra. Em galerias subterrâneas tão extensas e colossais quanto esta cidade. O submundo onde aqueles que não querem morrer a míngua, vendem seu Seikatsu para produzir energia para nutrir os ricos da Acrópole. – Respondeu ele as perguntas feitas por si mesmo. – Mas não se engane. Avici não é somente o alimento desta cidade. Ele também é o lar dos revoltosos  que são capturados pela Polícia Metropolitana.
 
- Uma prisão. – Interrompeu Hana de maneira sagaz.
 
- Sim. Há inúmeros boatos sobre como é aquele lugar e as atrocidades que lá são cometidas. Posso assegurar que em sua maioria são verdadeiros. – Disse Shirotaka com certo pessimismo na voz.
- Oras... se sabemos onde Tohma pode estar, vamos logo resgatá-lo! Não podemos perder tempo. – Falou Yusuke.
 
- Infelizmente nós não iremos. Não permitirei que ninguém vá!
 
...

- O que? O que diabos de técnica é essa?

____________________________________________________

¹Distrito 29: Uma das inúmeras subdivisões da cidade de Metropolis, bem como bairros de uma cidade qualquer.


Última edição por Kalki em Seg 13 Jan 2014, 21:38, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeDom 12 Jan 2014, 13:34

Capítulo 7 - Lua Sangrenta


Algumas horas antes de Akira, Yusuke e Hana saberem da captura de Tohma.
 

— Vocês estão bem? Vamos sair daqui, não é seguro. — Disse um jovem em tom aprazível de voz mesmo diante de uma situação que exigia muita perícia e autocontrole.
 
A pequena família de civis, composta por um homem, uma mulher e uma criança, foram dirigidos a um grupo maior que estava sendo conduzido por Revolucionários, que por sua vez, estavam sendo liderados por Tohma.
 
— Muito bem pessoal, vamos lá, se ficarmos mais tempo aqui, Deus sabe o que pode nos acontecer. — Disse o rapaz moreno, com o corpo viril para seus 17 anos, ligeiramente alto aparentando ter mais idade do que realmente tinha.
 
— Ora, ora, ora... Vejam que sorte a minha. Estou diante do grande médico do famoso bando do Shirotaka; mal posso crer no que meus olhos estão vendo.. hi hi hi — ecoou uma voz feminina e estridente em meio as sombras dos escombros.
 
Lentamente, a silhueta da mulher foi surgindo e revelando seu corpo esbelto e bronzeado, trajando pequenos tecidos e uma garbosa capa que indicava que aquela mulher, de cabelos tão curtos quanto de um homem, era uma Policial que estava ali para abater os Revolucionários. Aquela era Sasui.
 
Sasui era uma Trimurti¹ da Polícia Metropolitana. Sua habilidade era reconhecida como uma das mais notáveis de toda Metropolis; sua fama circulava entre os becos e bocas dos Revolucionários. Desta vez, a mulher recebeu a missão de coordenar uma patrulha pelos Distritos do Leste², a fim de caçar, capturar e até mesmo matar, todos os Revolucionários daquela região.
 
— Oh... Serei promovida depois que capturar todos vocês.. — disse a mulher em tom de entusiasmo, rodopiando no seu próprio eixo. — Preparem-se Revolucionários imundos — completou ela, agora fitando o olhar fixamente em Tohma, agora dizendo em tom ameaçador.
 
— Saito, lidere o grupo de civis e levem-no pra longe daqui. Eu vou segurá-la aqui até eu ter certeza que todos estiverem bem. — Imperou Tohma, sussurrando para o amigo ao lado.
— Tem certeza que quer fazer isso? Podemos lutar juntos; ela é Sasui, uma Trimurti. Com certeza ela é muito forte, mesmo que aparentemente não pareça. — Disse o outro ao notar que aquela mulher realmente não parecia ser forte conforme o título dela exigia.
— Sim. Vá! Eu vou distraí-la. — Respondeu Tohma, desembainhando lentamente uma curta espada.
 
Feito isso, todo o redor ficou em silêncio, nada mais existia, senão a presença daqueles dois; um de frente ao outro, encarando, estudando o inimigo para dar o primeiro e fatal ataque.
 
— Hã? — Disse Sasui com uma expressão de confusão no rosto enquanto desviava o olhar para o nada. — Então você ocultou a assinatura de Seikatsu de todos daquele se grupo e me prendeu nessa dimensão ilusória. Um bom truque. — Disse ela friamente quase em tom de deboche.
 
— Ela é esperta. Melhor eu não me descuidar. — Pensou Tohma.
 
Naquele instante, Tohma começou a sentir um grande tremor; olhou ao redor e viu placas e rochas se desprendendo do chão, lentamente. Imediatamente, ele partiu em uma ofensiva enquanto empunhava sua espada Kirihanatsu. Antes que pudesse se aproximar o suficiente para desferir o golpe contra a mulher, o garoto foi arremessado longe.
 
— O que? — Pensou ele confuso.
 
Ao mesmo tempo que tentava entender o poder de Sasui, Tohma percebeu no campo da sua visão periférica, uma enorme rocha se deslocando em sua direção. Em um rápido movimento de esquiva, o jovem rolou pelo chão, desviando do ataque da mulher, enquanto olhava de relance que ela sequer movia um músculo. Foi ai que novamente o rapaz percebeu outro ataque vindo em sua direção; rochas, escombros das casas destruídas durante o combate com a Polícia, foram jogados sobre em sua direção. Velozmente, Tohma desferiu golpes com sua espada, que depois de cortar tudo que lhe foi jogado, desviou a trajetória do ataque deixando-o assim ileso.
 
— É... você até que é bom.. — disse Sasui menosprezando os feitos do rapaz. — Mas eu não tenho tempo pra perder com um peixe pequeno como você. – Disse ela no mesmo instante que concentrava e olhava fixamente para o corpo de Tohma.
 
Em seguida, as roupas e a pele de Tohma começaram a rasgar lentamente.
 
— O que? Impossível. — Disse ele pasmo com a visão que tinha. — Ela está movendo minhas células com seu Seikatsu. — Pensou ele dessa vez.

E de fato era isso que a loira esteve fazendo o tempo todo. Ao canalizar seu Seikatsu, ela era capaz de movimentar desde a maior das montanhas, até a mais minúscula das células humanas.
 
O corpo de Tohma já apresentava grandes feridas abertas pelo ataque mortal da policial. O rapaz esforçava-se para resistir à dor e tentar de alguma maneira impedir que ela o matasse. Seu sangue escorria pelo seu corpo enquanto ele permanecia imobilizado. Uma grande poça de sague já se formava no chão abaixo do garoto.
 
— Hmmm.. acho já chega.. fique ai agonizando enquanto espera pela morte — disse ela diante Tohma que agora caia de joelhos.
 
Antes que ela pudesse deixar o local, Sasui percebeu que Tohma movimentava uma grande quantidade de Seikatsu; mesmo crendo que já havia vencido aquela luta, ela permaneceu imóvel olhando e esperando por algum ato do jovem. Foi quando todas as lesões causadas por ela começaram a se fechar em uma incrível velocidade. — Um usuário de Vishudda; interessante, mas não é o suficiente. — Disse ela ao ver a regeneração aplicada por Tohma.
 
— Agora eu já entendi seu poder. Não irei mais cair neste truque. Mesmo que você me cause mil úlceras, eu me regenerarei de todas. — Dito isso, Tohma partiu pra cima da mulher ceifando o ar enquanto ela desviava de seus golpes. Tohma então passou a intercalar chutes e golpes de espada.
 
— Você não vai conseguir me acertar, eu posso, com o poder do meu Seikatsu mudar a trajetória do seu golpe, assim fica fácil de desviar. — Esnobou Sasui.
— Não só para contar a carne que esta espada serve. — Disse Tohma com um ligeiro sorriso no rosto.
 
Neste momento, Sasui moveu o corpo do jovem para longe. — Seu Tolo. Você vai morrer agora!!
 
Uma grande tensão se fez no ar. O ambiente ficou carregado de Seikatsu emitida da mulher. Tudo começou a se mover ignorando a gravidade. Os casebres, escombros e uma grande quantidade de rochas emergiram do chão. Uma cada vez maior que a outra. Foi quando Tohma percebeu que ela estava novamente a mover suas células a fim de causar novos ferimentos.
 
— Isso não vai funcionar de novo. — Disse ele partindo em uma nova investida tentando desta vez, terminar a luta.  Eu posso me regenerar, seu ataque é inú.... — Pausou ele, enquanto seu sangue escorria pelo canto da boca. — Impossí....  Caiu ele ao chão antes que pudesse terminar a fala.
 
Um enorme buraco foi feito o peito de Tohma. Tão grande que foi capaz de desligar seu braço direito, que empunhava a Kirihanatsu, do resto do corpo. O sangue do jovem jorrava de maneira assustadora, fazendo uma poça ainda maior que a primeira capaz de refletir o brilho da lua daquela noite. Seu corpo padecia diante do terrível ferimento causado pela policial. Tohma desmaiou.
 
— Me desculpe pessoal... Acho que não poderei voltar agora. Pelo menos vocês conseguiram fugir a salvo. — Pensou Tohma abrindo um sorriso por pelo menos ter ajudado seus amigos a encontrarem um lugar seguro.
 
— Preciso chegar a tempo. Espere-me Tohma, não faça tudo sozinho. — Pensou Saito, correndo em direção ao amigo depois de ter deixado os civis e feridos em um local seguro protegidos por homens do bando de Shirotaka.
 
Foi quando o jovem chegou ao local em que Tohma lutava e se deparou com a espantosa visão que seus olhos pardos, já lacrimejantes, lhe favoreciam. Naquele instante, outros membros da Polícia chegaram ao local da luta, fazendo que Saito se escondesse entre os escombros a fim de não ser visto.
 
— Srta. Sasui-sama. Viemos do Distrito 27; todos os revoltosos lá capturados foram mandados à Aviici. Recebemos relatos de que os Distritos 23, 25 e 26 também já foram totalmente vasculhados. — Disse um policial qualquer.
— Ótimo, peguem este aqui e levem pra lá também. — Disse ela enquanto olhava o rapaz caído no chão que, mesmo abatido continuava-se a regenerar lentamente seu assombroso ferimento. – Ele vai continuar regenerando, então continuará vivo, ele será útil lá. Enquanto isso, vamos logo terminar esta missão – Completou ela.


...

— O que você está dizendo velho? Se sabemos onde o Tohma está, iremos atrás dele! Yusuke, chamem o resto do pessoal do bando. Estamos de partida para Avici, vamos resgatar o Tohma!  Berrou Akira, enquanto Yusuke não se movia diante da face de intimidação e exasperação de Shirataka.
 
— Você é idiota? Você quer morrer? Avici não é lugar pra vocês! — Gritou o líder com sua voz grave ecoando pelo local.
— E você quer que eu fique aqui parado? Mesmo que você decepe minhas pernas, eu irei salvar o Tohma! — Disse Akira, colérico.

— Tsc. Se quiser morrer, vá. Não irei ti ajudar nisso. Não permitirei que ninguém ti ajude também. Você pode pensar que estou sendo impassível, mas somente estou pensando no bem estar do meu grupo. Acabamos de sofrer um ataque; tivemos muitas baixas, perdemos territórios, estamos todos vulneráveis. Eu sinto muito por Tohma, mas deixar este lugar para ir numa busca incerta por ele é suicídio.
 
— Não me importo. Eu prefiro o suicídio a ficar sem fazer nada por um amigo! Espere por mim Tohma, estou indo ti salvar!


__________________________________________________________


¹Trimurti: Diz-se os três mais altos cargos da Polícia Metropolitana. Cada um responsável por uma área de atuação: Operações Especiais, Investigação e Assassinato. Tem como uma de suas funções, garantir a segurança pessoal do prefeito de Metropolis.

²Distritos do Leste: Conjunto de distritos aglomerados na região leste de Metropolis que abrange os Distritos do número 20 ao 33. Área dominada pelos Revolucionários liderados por Shirotaka.
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeQui 16 Jan 2014, 22:15

Capítulo 8 - Abacchi



Seis dias se passaram depois daquele dia fatídico.
Os Revolucionários a comando de Shirotaka continuaram a preparar um grande motim com outros grupos espalhados por Metropolis. A cidade mantinha sua rotina agitada, violenta, conturbada, caótica. A angústia pelo sumiço e incerteza sobre a vida de Tohma crescia mais e mais a cada dia. 24 horas se tornaram um pernicioso exercício de tortura contra os corações de Akira, Yusuke e Hana.
 
— Nós temos que ir resgatar o Tohma. Não podemos ficar aqui! — Reclamou Akira.
— Mesmo se irmos contra as ordens do Shirotaka-sama, nós nem sabemos como chegar nesse tal de Avici. – Disse Yusuke em tom pessimista.
 
— Eu levarei vocês lá. — Disse uma voz feminina adentrando a tenda em que os três estavam pegando os jovens de surpresa. Era Abacchi, a gentil esposa de Shirotaka.
— Abacchi-san, você vai mesmo nos levar? Espera, você sabe como chegar lá? — Perguntou Yusuke, curioso e ao mesmo tempo confuso.
— Sim. Vocês estão preparados para esta jornada? Garanto que não será nada fácil. Digo, estão cientes que estão colocando suas vidas em risco? — Disse ela secamente em grande retidão.
— Sim! — Respondeu o trio ao mesmo tempo convicto, fazendo a mulher esboçar um leve sorriso.
 
— Pois bem, Tora, Rizell, Tron, entrem, por favor. — Naquele momento os três anunciados por Abacchi, entraram na tenda. Eram três poderosos Revolucionários que toparam ir na jornada em busca de Tohma, sejam lá quais os motivos que os levaram a isso.
 
Tora era dotado de grandes capacidades sensoriais. Não havia um seikatsu sequer que ele não era capaz de sentir através de uma leitura precisa. Alto, magro, tinha uma face aprazível — devido aos seus olhos charmosamente puxados e suas madeixas escuras despojadamente bagunçada. Vestia uma camisa de mangas largas e volumosas que ficava aberta mostrando seu torso trabalhado, uma calça comum e calçava um coturno preto de couro; além dos metais que carregava nos braços, mãos e em uma das orelhas.
 
Rizell por sua vez, era uma doce garota de 16 anos. Seu rosto angelical contrastava com sua personalidade explosiva e impulsiva. Seus cabelos alvirrubros ondulavam-se até a estreita cintura que separava seu, já avantajado busto, de seu curvilíneo quadril. Carregava um bastão tão grande quanto si mesma e nos ombros, pousava, de um lado, um pássaro dotado de vistosas penas avermelhas como ferrugem e do outro, uma tatuagem tribal.
 
Por sua vez, Tron exalava calmaria de uma brisa à beira-mar. Seus profundos olhos verdes contrastavam com seus enegrecidos cabelos e criavam uma estupenda paisagem que embriagava o olhar. Seu físico atlético contribuía ainda mais para uma visão sublime de uma beleza viril e ao mesmo tempo sofisticada no auge dos seus 22 anos.
 
— Primeiramente, eu gostaria de dizer a vocês, Hana, Yusuke e Akira, que relevem as coisas ditas por Shirotaka, ele somente está pensando no bem de vocês. Se arriscarem em Avici, certamente é a coisa mais inteligente a se fazer. Mas como eu sei que vocês não vão descansar até que o Tohma esteja a salvo, eu vim aqui para lidera-los para evitar que façam alguma burrada. Para isso eu chamei esses três, eles irão conosco e irão nos ajudar nesta busca.
 
Enquanto a mulher falava, Yusuke fitava os três até que percebeu a presença de Rizell e entendeu que ela também faria parte do grupo de resgate.
 
— O quêêêêêêê? – Berrou ele apontando para a garota em uma pose espalhafatosa. — A cavalona vai com a gente? Nem pensar!! — Disse ele fazendo pouco gosto e reprovando a presença dela no grupo.
— Não é como se eu quisesse estar junto de você, seu banana! — Disse ela ferozmente exaltando a voz em uma pose tão exagerada quanto a do rapaz. — Estou aqui pelo Tohma-kun. — Terminou ela cruzando os braços.
 
— Bem... — iniciou Abacchi apaziguando os ânimos — estejam todos prontos para daqui a seis horas. Estaremos partindo para Avici. Que os céus estejam conosco.
 
...
 
As horas se passaram lentamente; cada minuto parecia uma semana. A ansiedade em iniciar a busca por Tohma era eminente em todos os sete Revolucionários. Todos se prepararam conforme as instruções de Abacchi. Tomaram waka-sa¹ e devido ao efeito da bebida, prostraram em suas tendas até o cair da noite. Quando acordaram, seguiram individualmente, sem levantar suspeitas, até o Distrito 20, onde se encontraram.
 
— É bom que estejam todos aqui. Prestem atenção agora — Disse Abacchi exigindo concentração do grupo. — Iremos agora iniciar os trabalhos para entrar em Aviici. Sigam todas as minhas ordens.
 
Depois de alguns minutos de explicação por parte da mulher, surgiu um grupo de trabalhadores uniformizados, caminhando em direção a um pequeno prédio central de uma praça cujo se localizava o elevador que os levava para o subterrâneo.
 
— Agora Hana! — Ordenou ela.
— Certo! — Seguindo o que foi pedido, Hana exalou uma grande quantidade de seikatsu em direção ao grupo, que instantaneamente desfaleceram com a técnica. Ao manipular a seikatsu de forma cirúrgica, Hana foi capaz de induzir a produção de hormônios do sono no corpo em grande quantidade, mudando completamente o metabolismo daquelas pessoas.
 
Dessa maneira, os sete Revolucionários despiram o grupo que agora dormia e vestiram seus uniformes, para assim infiltrarem em Avici sem levantar nenhuma suspeita. O grupo liderado por Abacchi seguiu até o Terminal J², adentrando no grande e ágil elevador que descia velozmente metros e metros rasgando o subsolo. Quando o elevador estacionou, duas portas abriram em sincronia; a porta própria do elevador, e uma segunda, que separava o mundo exterior da fortaleza. Os sete então seguiram pelo espaçoso hall de entrada junto a uma fila de trabalhadores que estavam sendo inspecionados a fim de garantir a segurança do local. Seguindo o protocolo e o combinado, para não levantarem nenhuma suspeita, Tora foi o primeiro a ser revistado. Havia uma bancada com alguns trabalhadores em seus aparelhos computadorizados que recebiam um sinal do imenso portal que reconhecia a seikatsu de cada um dos trabalhadores de Avici; uma clara medida a fim de impedir infiltrações. O portal era operado por um homem já na meia idade, seboso e antipático. O jovem por sua vez, assim como explicado por Abacchi, canalizou uma grande quantidade de seikatsu e devido a sua capacidade única de manipular seikatsu puro, camuflou sua própria de tal maneira que a máquina acusou positivamente, nenhum problema.
 
— Você está livre. Pode passar. — Disse o homem em tom grosseiro.
 
O garoto, agilmente, enquanto a máquina lia o seu seikatsu, injetou uma grande quantidade nos circuitos a fim de sabotá-la a ponto que a leitura fosse também positiva para seus outros seis companheiros.
 
— Ótimo! Estamos dentro!

___________________________________________________________

¹Waka-sa: Tônico feito a base de ervas e outras substâncias que tem por objetivo revigorar o corpo e/ou prepará-lo para um grande desgaste futuro. Geralmente utilizado pelos Revolucionários antes e depois de dias de luta.

²Terminal J: Um dos 26 terminais espalhados por toda Metropolis que movimentam os operários de Avici de fora para dentro do subsolo, ou vice e versa.
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeDom 19 Jan 2014, 12:25

Capítulo 9 - Avici


Olhares cabisbaixos em meio à penumbra. Seres humanos robotizados agindo como gado programado para o bem de Metropolis.  Centenas de pessoas andavam ordeiramente e caladas, por aquele corredor que separava a entrada vinda do hall de inspeção e uma pequena fresta iluminada que era o fim daquele grande túnel concretado e mal iluminado. Era o espetáculo da dominação do mais rico sobre o mais pobre. O retrato da submissão daqueles que não podem lutar por si mesmos; vassalos de uma condição social imposta a mãos de ferro.
 
— Vejam, já estamos chegando. — Sussurrou Yusuke para o grupo.
 
A luz que outrora débil, agora se tornava cada vez maior conforme o avanço dos passos. Conforme ela se tornava cada vez mais próxima, o gemido das máquinas se fazia cada vez mais presente. Foi quando o grupo finalmente chegou a fonte daquela luz. O fim daquele túnel levava a uma grande galeria, encravada palmos e palmos abaixo do nível do corredor.
 
Os sete pararam diante da dantesca cena que seus olhos registravam. Uma máquina, capaz de fazer dos humanos serem meras criaturas minúsculas e um emaranhado confuso de cabos e ductos que subiam até o teto e se expandiam para o labirinto de corredores subsequentes daquela, que mais parecia uma usina de força. Na verdade era.
 
Os sete Revolucionários então, seguiram o protocolo dos trabalhadores daquele local e começaram a descer a grande sequência de degraus. Quando finalmente chegaram ao piso daquele lugar, Rizell perguntou:
 
— Como vamos sair daqui? O Tohma não está aqui, está? — Falou ela sorrateiramente a fim de não ser descoberta.
— Não, não está. — Confirmou Tora. — Na verdade desde que ele desapareceu, eu não consigo sentir o seikatsu dele. Ou ele está muito fraco, ou algo está bloqueando minha leitura. — Completou o jovem que possuía um ligeiro cavanhaque.
— Obviamente ele não está aqui. Estamos na Usina de Metropolis. É aqui que é gerada eletricidade para a cidade. Essa grande máquina nada mais é que um imenso gerador movido a seikatsu. — Indagou Abacchi.
 
Enquanto os jovens observavam o local, os operários seguiam rotineiramente seu ofício. Cada um, individualmente, entrava em uma cabine — todas dispostas de modo que circulavam a grande máquina — muito semelhante ao design do Seru Kenryouku, no qual conectavam espécies de eletrodos nas têmporas e braços com ajuda de assistentes designados exclusivamente para esta função. Daí então, o trabalho era feito pela máquina, sugando e canalizando o seikatsu de cada um, através de um cabo traseiro que se ligava ao grande gerador feito de Kyoumeisen¹. O processo de produção de energia era comandando de uma saleta — que constantemente lia as funções orgânicas dos operários — isolada por um grande painel de vidro translúcido e inquebrável, localizado de maneira frontal à grande máquina.
 
— Kojima-oyabun, venha rápido aqui! Esse cara desmaiou! — berrava um funcionário de Avici, para seu superior.
O operário apresentava visivelmente grande debilidade física. De tão magro, seu rosto já se esculpia em caveira. Seus olhos, além das olheiras de cansaço, desenhavam-se em apatia. Tudo causado pelos anos em que, para sobreviver, ofereceu seu seikatsu no qual era sugado diariamente em grandes quantidades.
 
Então o homem, calvo, dono de um bigode que cobria os lábios, usando um jaleco cinzento e um broche que se destacava em seu peito, correu para averiguar a situação. O homem então tocou sua mão direita no peitoral do homem exalando seikatsu para diagnosticar a causa do desmaio.
— Tsc. Esse cara já está no limite. Produziu seikatsu demais. Já está exaurido. — Disse ele pra si mesmo mentalmente. — Tirem esse lixo daqui. Ele não serve mais para os propósitos de Metropolis! — Berrou o velho.
— Espere... — Disse o homem que até segundos atrás estava desfalecido. — Não me demita Kojima-sama, eu preciso deste emprego; tenho mulher e filhos para criar e sustentar. O que será de mim? — Clamou o homem por misericórdia.
— Isso não é problema meu. — Disse ele olhando friamente para o homem como se estivesse olhando para uma embalagem descartável, sem se importar com o drama do agora, ex-subordinado.
 
O homem então foi carregado por outros homens para um portão adjacente, que se abria para um novo corredor, enquanto se ouvia seus berros amaldiçoando o lugar.
 
— Que cruel. — Suspirou Rizell com as mãos sobre a face, enquanto Akira tremia de ódio por tal visão nefasta.
 
— Ei vocês ai parados. — Disse Kojima para os sete Revolucionários. — O que estão esperando? Ao trabalho, vermes. — Disse o homem antipaticamente. — As mulheres, sigam para o setor B, aqui não é lugar para vocês. Soyuma dirijam-nas para o setor B. — Completou ordenando um subordinado qualquer.
— Mas que droga, não podemos nos dividir! — Pensou Abacchi. — Rapazes, fiquem bem e não façam nada drástico eu voltarei para buscar vocês. — Disse ela para si mesma como forma de promessa.
 
Tora, Yusuke, Tron e Akira ficaram na casa de força. Lá, foram conduzidos, assim como feito com os outros operários, a entrarem nas cabines individuais acoplando os eletrodos a fim de sugar o seikatsu dos jovens. Depois que todos os preparativos foram feitos, cada um deles sentiram uma grande descarga correr por cada uma de suas células.
 
— Porcaria. Estão mesmo sugando meu seikatsu. O que eu faço? — Pensou Akira.
— Sinto como se minha vida estive sendo tirada de mim pouco a pouco. — Meditou Tron por sua vez.
— Se continuar assim, seremos sugados completamente e não teremos forças para lutar e resgatar Tohma. Preciso pensar em algo para sairmos daqui. — Raciocinava Tora tentando manter a calma naquela situação. — Droga, eu mal entrei aqui e já estou me sentindo como se tivesse me exercitado durante uma manhã inteira. Então não seria ilógico concluir que aquele cara desmaiou de exaustão. Me pergunto o que eles passam diariamente aqui nesse lugar. — Continuava ele em seu mantra. — Preciso entender o funcionamento dessa máquina o quanto antes; nossas vidas e a de Tohma depende disso!
 
Tora então canalizou uma grande quantidade de seikatsu. Em vão; toda aquela energia foi sugada vorazmente pela máquina. Ele então tentou retirar os eletrodos, porém, ao menor sinal deste movimento, uma luz vermelha cobriu toda a cabine em que ele se localizava.
 
— Filhos da mãe. — Pensou ele esboçando um ligeiro sorriso irônico ao perceber que se retirassem os eletrodos, soaria um alarme acusando tal ato.
 
Tora então se concentrou a fim de pensar em alguma solução. Percebeu então que ainda sentia seu seikatsu dentro da máquina e era capaz de manipulá-lo.
— É isso!

______________________________________________________________

¹Kyoumeisen: Liga metálica ideal para condução de seikatsu. Todos os cabos elétricos de Metropolis e das instalações de Avici são feitos deste componente, além de outros usos.
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeQua 22 Jan 2014, 00:29

Capítulo 10 - Avici Parte II


Abacchi, Hana e Rizell seguiam sendo conduzidas por Soyuma para outro local dentro da fortaleza subterrânea. O calor e barulho que emanava da primeira sala agora se faziam distantes e davam lugar a uma umidade incomum. O novo corredor, assim como toda a extensão daquele local, era tomado de cabos e ductos no teto.
 
— Me pergunto qual a necessidade de tantos cabos. — Pensou sozinha Rizell distraída tentando encontrar alguma resposta para aquilo que lhe intrigava.
 
Foi quando a comitiva parou. Havia uma imensa porta metálica separando um setor e outro daquele corredor. Soyuma então se dirigiu até o canto, onde havia uma pequena máquina anexada na parede. Depois de canalizar uma pequena, quantidade de seikatsu, o aparelho acusou um sinal positivo em uma luz verde e simultaneamente o grande portão, que gravava ‘setor B’ em suas portas, se abriu lentamente.
 
— Então tudo aqui é movido pelo seikatsu dos funcionários. — Concluiu Abacchi após uma sagaz observação. — Foi bom ter trazido o Tora conosco. — Completou ela, em seu pensamento.

— Vamos! Isso tem que funcionar!! — Pensava Tora, fazendo grande esforço para controlar a seikatsu que havia acumulada dentro da grande máquina, enquanto seu suor brotava na testa.
Aquele colosso de metal possuía um funcionamento relativamente simples diante de sua magnitude espacial. Primeiro, ao sugar a seikatsu dos operários, acumulava-o em um grande recipiente interno. O passo seguinte era injetar, através de um bombeamento também feito através de tal energia, quantidades cirúrgicas e contínuas de seikatsu para a turbina. Este processo de acúmulo de seikatsu era fundamental, pois devido às trocas de turnos e manutenção de outras partes da máquina, ela continuava operante mesmo estando absorvendo pouco seikatsu ou até mesmo nenhum. Feita de Kyoumeisen, as turbinas eram enormes pás que eram facilmente estimuladas pela energia que fluía do reservatório. As turbinas então entram em um vigoroso processo de rotação, girando em uma incrível velocidade. A energia mecânica produzida por este movimento era enviada ao gerador que por sua vez transformava-a em energia elétrica. O passo seguinte era a distribuição de tal energia para toda a cidade. Isso era feito pelos volumosos cabos que brotavam de dentro da máquina e enraizando pelo teto indo em direção as casas e edifícios de Metropolis.
 
Tora por sua vez, ao perceber que sua seikatsu ainda não havia sido despejada nas turbinas, travava uma árdua batalha contra a máquina. Ele tentava a todo custo, movê-la para fora do reservatório, mas parecia impossível, até por que seu vigor esvaia lentamente através da sucção provocada pela máquina. Ao gerar tal atrito dentro da grande ânfora, a máquina começou a dar sinais de fadiga.
 
— Kojima-sama! Venha aqui, por favor; temos um grande problema! — Alertou um funcionário de dentro da sala e operações, que era isolada acusticamente, tendo, portanto, sua voz anunciada, em alto tom, através de um sistema de áudio, provocando surpresa no local.
— O que é dessa vez? — Disse o homem depois de adentrar na sala.
— Os monitores estão acusando falha de operação no reservatório. Houve vazamento de seikatsu lá dentro e provocou um grande curto-circuito. Temos que parar a operação agora mesmo; senão agirmos perderemos toda a seikatsu acumulada. — Falou o subalterno.
— O quê? — Rabujou o homem.
— Veja aqui Kojima-sama. A seikatsu impregnada nos circuitos vem deste homem! — Acusou outro homem, apontando para um monitor — que por sua vez mostrava o rosto de Tora — a fim de mostrar a seu líder quem era o causador daquilo.
 
Aproveitando que todos os operários tiveram que sair de suas respectivas cabines, Akira, Tora, Yusuke e Tron se reuniram e em meio à multidão que era suficiente para ocupar toda aquela galeria, tentavam sair discretamente para encontrar Hana, Abacchi e Rizell que foram dirigidas a outro local.
 
— Pare ai mesmo homem! — Gritou Kojima da porta da sala de operações que ficava suspensa em um mezanino da qual se podia ver toda a extensão do enorme local.
 
Após pular selvagemente daquele local, correu em direção aos quatro jovens esbarrando nos operários. — Homens, segurem aqueles quatro! — Gritou ele ordenando.
 
— Rápido, corram! — Disse Yusuke já se preparando para a corrida.
 
Os quatro passaram pela entrada do corredor que as três mulheres andaram outrora. Foi então que Akira, depois de canalizar seu seikatsu nos braços, socou o chão com os dois punhos. Imediatamente depois daquele ato, uma imensa e espessa parede de terra e rochas se levantou, assombrando os operários.
— Quem são aqueles garotos? — Perguntou um deles boquiaberto e com os olhos arregalados devido à espantosa e incomum cena naquele que sempre foi um local tranquilo e rotineiro.
 
O chefe daquele local então, em um ágil movimento, liberou da palma da mão, uma imensa corrente feita de seikatsu, com um arpão gigante na extremidade que, ao se chocar com a parede feita por Akira, a despedaçou completamente.
— Não pensem que vão escapar de mim tão facilmente. — Disse o homem colérico.
 
O homem então pausou e separou seus subordinados em dois grupos. O maior deles ficou encarregado de controlar os operários enquanto os danos na máquina não eram reparados.  O menor, composto por menos que quinze homens, a contar por ele mesmo, rasgou o corredor e se dirigiu atrás dos quatro Revolucionários.
 
— Mais rápidos, seus lixos! Vamos pegar aqueles merdinhas e mostrar a eles que comigo não se brinca. Liguem para o Soyuma. Ele foi levar aquelas mulheres, faça-o voltar imediatamente com apoio de homens do Setor B. Vamos emboscar aqueles pirralhos. — Arquitetou Kojima esbaforido pela corrida atrás dos jovens naquele imenso corredor.
 
Avici era mesmo um local especial. A obra faraônica que sustentou a sobrevivência humana diante das catástrofes climáticas e degradação ambiental e social. Seu interior possuía uma avançada tecnologia anti-seikatsu, que bloqueava qualquer tipo de rastreamento ou telepatia — dai o motivo para o sumiço da seikatsu de Tohma. A grande fortaleza possuía então, um sofisticado sistema de comunicação interno nos quais os operadores poderiam contatar alguém que estivesse a milhares de metros de distância, separado pela teia de corredores, ou pelo maciço de rochas e terras a uma profundidade inimaginável. Soyuma recebeu o recado.
 
— Porcaria, esse corredor não termina nunca? — Reclamou Yusuke.
— Se tem tempo para reclamar, continue correndo. — Reprimiu Akira o amigo.
 
Foi quando, de repente, eles se depararam com o grande portão que as três companheiras, outrora tinham cruzado. Pararam.
 
— Vou abri-lo. — Disse Akira à queima-roupa.
Em um instante, o jovem tocou o chão, do qual surgiu um enorme pilar de pedra disposto obliquamente a fim de romper a barreira. Não funcionou. O portão era um corpo maciço de puro concreto e aço reforçado com seikatsu. O pilar do Revolucionário nada fez que mais do que poucos arranhões e amasso na lataria.
 
— Parece que ele só abre com seikatsu. — Disse Tron apontando para o dispositivo acoplado a parede que anteriormente foi usado por Soyuma para proporcionar a abertura.
— Hmmm assim como no posto de revista, na entrada, esse aqui só deve reconhecer a seikatsu de alguns funcionários. Vou camuflar a minha e tentar abri-lo. — Observou de modo sagaz Tora.
 
O portão se movia. Sua grande massa proporcionava uma abertura lenta e angustiante. Quando surgiu uma fresta que foi o suficiente para que os quatro atravessassem-na, uma enorme correte pontiaguda surgiu indo de encontro a suas posições.
 
— Ele nos alcançou.
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeSáb 25 Jan 2014, 17:01

Capítulo 11 - A Brisa Sufocante


A tensão tomava conta do lugar. Os olhares se cruzavam e conflitavam mesmo sem nenhum movimento de alguém. O suor escorria singelamente do rosto de Akira, enquanto todos permaneciam parados diante do inimigo em um movimento paciente, porém aflitivo em que o caçador estudava a caça e vice versa.
 
— Vou mata-los aqui e agora. Vocês não são verdadeiros operários não é mesmo? — Perguntou ele enquanto se posicionava para a batalha.
— Não temos que ti responder nada, idiota!! — Respondeu Yusuke atrevidamente apontando a língua para o velho.
— Ora seu....
 
Imediatamente, o homem lançou uma assustadora corrente que mais parecia um prolongamento do seu braço direito. De forma veloz, ela em poucos segundos alcançou os quatro que a exemplo da primeira, esquivaram agilmente, aproveitando do enorme espaço que dispunha aquele corredor.
 
O chefe do setor A então lançou outra corrente, agora com o braço esquerdo enquanto movia a primeira a fim de distrair os jovens. A corrente serpenteava de maneira ligeira e exigia grande perícia dos Revolucionários para desviar de ambas. O homem, em seguida, avançou correndo e depois de um salto desferiu um chute que possuía uma áurea de seikatsu possuindo assim, uma aparência de uma grande marreta. O poderoso chute pegou em cheio em Yusuke.
— Yusuke! — Gritou Akira.
Foi quando o homem ricocheteou uma das correntes de seikatsu a fim de dar o golpe de misericórdia.
— Você primeiro, moleque linguarudo! — Disse o homem exaltado.
Foi então que uma parede de pedra cresceu rapidamente, sendo perfurada pelo arpão da extremidade da corrente.
— Não pense que vai ser assim tão fácil! — Disse Akira.
— Não se ache demais só por que conseguiu barrar minha corrente, pirralho. — Exasperou o diretor movendo a corrente que ficou presa na barreira do jovem, fazendo-a assim em pedaços, ao mesmo tempo que movia a segunda em direção à Tron e Tora. O primeiro desviou após usar vento como impulso para seu movimento. O segundo, saltou de maneira ágil depois de provocar grande agitação de seikatsu em suas pernas, aumentando assim, sua velocidade.
 
— Não se descuide Yusuke. Não vou ficar ti protegendo sempre. — Alertou Akira.
— Idiota. Não preciso que você me proteja! Sei me cuidar sozinho, aquilo foi só uma tática ultra secreta para que eu descobrisse os poderes dele. — Disse o outro desconversando, saindo pela tangente.
— Não pareceu. — Respondeu Akira calmamente, enquanto não descolava os olhos dos inimigos.
— Como é?? — Exasperou Yusuke berrando na direção do amigo que se encontrava pouco distante de si.
 
Foi quando uma grande corrente veio em direção dos quatro, inesperadamente.
— Que audácia! Discutindo na minha frente. Acham que vou permitir que me desonre desta maneira? — Gritou o homem. — Homens preparar ataque!
 
Imediatamente após a ordem de seu chefe, os subordinados então, desacoplaram de seus cintos cacetes especiais feitos de kyoumeisen. Partindo em duplas, os homens tentaram acertar os Revolucionários com os porretes. Tron, em uma tentativa de repelir todos eles, criou uma rajada poderosa de ar. Em vão.
— O quê? — Disse ele surpreso ao ver que seu golpe falhou.
 
O jovem então percebeu que um dos inimigos adentrou sua zona de visão desferindo um ataque com o pequeno bastão. Tron desviou o suficiente para que o bastão passasse a alguns centímetros de seu corpo; todavia, recebeu uma onda de choque em seu corpo como se estivesse sido alvo pelo seu próprio ataque.
— Hahahahaha... Idiota! — Esses cassetetes são feitos de kyoumeisen; eles podem sugar qualquer ataque à base de seikatsu. Depois a energia acumulada é devolvida como onda de impacto.
 
— Impossível! — Exclamou Tora pasmo.
 
O homem então disparou, através de socos, intercalando os punhos, construtos ovais, como se fossem escudos, na direção dos jovens. Ataque sucessivos, um atrás do outro. Akira por sua vez, ao pisar suavemente no chão, injetou uma grande quantidade de seikatsu suficiente para fazer brotar uma enorme rocha criando uma barreira para os ataques, protegendo simultaneamente os outros três.
 
— Precisamos fazer alguma coisa quanto àqueles bastões. Ataques comuns não vão funcionar. Precisamos de uma estratégia. — Disse Akira.
— Eu tenho uma ideia. Façam o que eu pedir, por favor. — Indagou Tron.
 
— Eu sou Kojima, o tirano. Minha habilidade é criar construtos de seikatsu como eu bem entender. Correntes, martelos, lanças, paredes, ou qualquer coisa que eu quiser. Preparem-se para morrer diante do meu poder, idiotas!
Quase que de maneira simultânea a sua fala, o homem disparou uma corrente e graças ao choque esfacelou a parede feita por Akira levantando grande poeira no local.
 
Os garotos aproveitaram a camuflagem feita pelo pó, e desferiram sucessivos ataques em diferentes direções combinando suas habilidades. Akira lançou quinze tiros de água — um para cada inimigo. Em seguida veio Tron, que ao manipular o ar do local, diminuiu a velocidade corporal do grupo. Os ataques furtivos serviram de distração, já que eles preocuparam em absorvê-los com os bastões, enquanto Yusuke preparava uma grande onda de fogo que cobriu todo o corredor.
 
— Será que não veem que é inútil? Pirralhos idiotas. — Disse Kojima menosprezando os ataques dos jovens que eram vorazmente sugados pelos bastões.
O homem então, em um rápido movimento com o braço, lançou mais uma corrente em direção aos jovens. A enorme corrente, contudo, errou o alvo passando longe dos quatro.
 
— Hã? O diretor errou? — Disse algum subordinado qualquer surpreso enquanto ouvia o homem tossir.
— Ar... preciso de ar... — Clamou ele, que devido à idade e a dificuldade de respiração desfez seu ataque fazendo que a corrente desaparecera no ar.
Então, lentamente, um a um dos inimigos, foram sentido dificuldade de respiração. Seus pulmões fadigados, mais pareciam que estavam impedidos de respirar, submersos em agonia. Era como se estivessem afogados ou que seu peito houvesse sido arrancados de si.
 
— Parece que funcionou. — Disse Tron que por sua vez não dava mais sinais de cansaço. — Eu controlei o ar que vem dos ductos no teto. Com meu seikatsu anahata eu pude interromper a injeção de oxigênio neste local, que devido estar debaixo da terra, não possui ventilação própria. — Explicou ele calmamente.
— Mas como?... Dessa forma você também não conseguiria respirar... Como você está bem? — Perguntou pausadamente o homem devido a crescente falta de ar.
— Não se esqueça, eu posso manipular o ar. Com a minha seikatsu eu induzi meus pulmões e de meus amigos a um consumo controlado substituindo oxigênio, por seikatsu. Assim pudemos permanecer normalmente neste ambiente que pouco a pouco foi perdendo sua oxigenação. E é claro que não podemos esquecer da participação do Yusuke. Sua onda de fogo consumiu o resto de ar que havia neste corredor, já que para que o fogo exista é necessário oxigênio. — Terminou ele enquanto Yusuke orgulhava-se de sua participação estufando o peito e abrindo um sorriso maroto.
 
Depois da pausa de sua fala, ouviu-se um barulho no teto daquele corredor, enquanto notava-se a saída de ar pelo duto perfurado e o barulho provocado pela grande velocidade que o oxigênio era despejado no ambiente.
 
— Muito inteligente da sua parte. — Ecoou a voz seca de alguém que o tempo todo esteve ouvindo tal explicação, caminhando calmamente em direção ao rossio em que a batalha se realizava. — Mas seu truque barato termina aqui. Agora vocês quatro vão morrer. — Terminou ele esboçando um sorriso sarcástico na face ao passo que levantava o rosto no qual lentamente podia-se ver uma queimadura no lado esquerdo, enquanto outros membros da segurança do local chegavam naquele imenso túnel.
 
Agora já de pé e recuperado, Kojima disse:
— Você demorou... Soyuma.
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeQui 30 Jan 2014, 12:25

Capítulo 12 - Quatro Contra Quarenta


— Abacchi-san, precisamos sair daqui, temos que voltar e encontrar Akira, Yusuke, Tora e Tron. — Disse Hana aflita.
— Eu sei, mas agora é impossível. Se tentarmos algo agora, toda a segurança de Avici será alertada. Será muito mais difícil para nós se isso acontecer. Precisamos agir com cautela antes de tudo. — Ponderou a mulher analisando o local em que estava.
 
Em contrapartida do setor A, o setor B era a parte responsável pelo fornecimento de água a cidade de Metropolis. Enquanto as três mulheres desciam uma escadaria — iniciada abruptamente, depois de mais um portão, na parede esquerda do corredor de onde elas vieram — podiam ver uma máquina tão grande quanto a primeira. Desta vez, a máquina possuía uma grande variedade de canos e ramais que começavam em cada uma das operárias naquele grande galpão subterrâneo, e serpenteavam até uma máquina geradora.
 
— Vamos logo suas molengas. — Disse alguém de algum lugar, chamando a atenção das três.
Foi então que elas puderam ver a mulher, de estranho porte — gorda — com lábios grotescamente volumosos e um cabelo curto e uma franja mal aparada que ampliava ainda mais a sensação de tamanho no rosto da mulher. Vestia bizarras botas de plástico, e um macacão xadrez amarelo e vermelho. Seu nome era Mama Hachi, a chefe responsável pelo setor B. A mulher, que aparentava já ter passado dos 40, então conduziu Abacchi, Hana e Rizell para postos que estavam até então desocupados.
 
— Céus! Tamanha feiura e mau gosto para a moda me ardem os olhos! — Cochichou Rizell, fazendo cara de desaprovação.
— Não digam ou façam nada brusco. Vamos agir com naturalidade. — Alertou Abacchi.
 
As três então colocaram suas mãos no cano, que possuía duas entradas, como indicava a máquina. Assim como no gerador do setor A, começou um processo de absorção de seikatsu. A energia sugada pela máquina seguia pelo ducto até um enorme tanque, onde permanecia armazenado. De outros dois grandes canos, vinham moléculas de hidrogênio e oxigênio, que ao se chocar com a seikatsu que era bombeada por um terceiro, se chocavam e a reação criava litros e mais litros de água potável, que era despejada em um grande tanque, encravado no chão, no qual somente se podia ver o gargalo em um desnível abaixo da qual se localizava a máquina de geração de água. A partir dali, era feita a distribuição para os confins de Metropolis.
 
...

— Então vocês são os tais baderneiros. Fico me perguntado quando foi a última vez que Avici se viu diante de uma situação assim. E você hein velho, que decepção, sendo derrotado por quatro pirralhos. — Disse Soyuma ironicamente.
— Cale a boca! Você é meu subalterno, me deve respeito! — Berrou o mais velho.
— Sim, sim... Você sempre me diz isso. — Falou ele arqueando a sobrancelha e rolando os olhos em tom de indiferença e sarcasmo.
— Digo por que você sempre se acha no direito de me dar ordens. Eu sou o chefe aqui, ouviu? — Replicou ele irritadiço.

Soyuma era um homem alto, forte e comumente usava de sarcasmo e ironia em suas falas. Possuía uma barba escura que cobria a face inferior da face e parte do pescoço. Seu cabelo igualmente escuro era encoberto pelo quepe usado pela equipe de segurança de Avici. Usava roupas, também da equipe de segurança, que variava dos tons mais claros do cinza até os mais escuros que eram confundidos com preto pelos menos atentos. Em seu quadril, carregava o cassetete de kyoumeisen.
 
— Vamos começar o show. — Disse ele em seu sarcasmo habitual.
Imediatamente, uma cortina de cinzas tomou conta do lugar. As cinzas por sua vez, mais pareciam brasa, pois ao tocar a pele dos quatro Revolucionários, provocava o ardor de uma queimadura.
— O que? Isso queima. — Examinou Yusuke. — Tenho que fazer algo para parar isso.
O jovem então exalou uma grande quantidade de seikatsu no ar. Lentamente ele começou a extinguir o calor que era emitido das cinzas tornando-as desta vez, inofensivas.
 
De repente, os construtos de Kojima ocuparam o local sendo jogados sucessivamente na direção dos jovens, que devido à nebulosidade lançada por Soyuma, apresentavam dificuldade de esquiva. Tron e Akira então canalizaram uma grande quantidade de seikatsu em seus peitos e em um abrupto sopro, criaram uma violenta ventania que dispersou parte das cinzas. Antes que a visão deles pudesse ser restaurada ao máximo, uma das correntes de Kojima rasgou o túnel rapidamente.
 
— Desviem! — Gritou Tora, usando mão de suas habilidades sensoriais.
— Idiota, é inútil. — Disse Soyuma, partindo para uma investida corporal aliada ao bastão de kyoumeisen, ao mesmo tempo em que os outros seguranças fizeram o mesmo.
— Droga, eles são muitos. E todos eles têm esse bastão estranho. — Reclamou Akira, fazendo um movimento tocando no chão.
De imediato, o chão se tornou maleável como tecido. Tendo o jovem Revolucionário como epicentro, o piso do corredor ondulou de tal forma que o revestimento foi todo destruído e sendo assim, desequilibrando boa parte dos seguranças.
 
Mesmo depois de Akira e Tron espalharem as cinzas, elas continuavam a crescer tornando novamente a visão no local impossível. Mal podia se enxergar centímetros à vista. Tudo se tornava novamente um grande mar cinzento e cáustico sem visibilidade.
 
— Porcaria! Nós não tínhamos dissipado essas cinzas malditas? Meus olhos doem. — Disse Akira irritado com a situação em estar novamente vulnerável a falta de visão.
— Sim, mas parece que um vento qualquer não é suficiente. — Respondeu Tron em sua calmaria típica.
Yusuke continue retirando o calor dessas cinzas. Se continuar assim seremos todos queimados vivos! — Ordenou ele a seu amigo de infância.
— Eu sei, eu sei. Já estou fazendo isso... Mas se não combatermos essas cinzas e continuarmos sem enxergar, não vai adiantar nada. — Reclamou ele.

Os quatro então entraram em uma posição em que Akira, Tron e Yusuke ficavam um lado a lado ao outro formando um círculo em volta de Tora.
— Tora, vamos precisar da sua habilidade; você será nossos olhos. Guie-nos nesta dentro desta cortina de fumaça. — Ordenou Akira.
— Estou aqui para isso. — Respondeu ele sério e atento a qualquer movimento inimigo. — Yusuke a sua esquerda tem quatro inimigos, desvie para a direita de Tron. — Comandou o sensitivo.
Yusuke obedeceu a seu amigo lançando em seguida uma grande rajada de fogo dos punhos, sem êxito, pois todos desviaram e/ou absorveram com seus bastões.
 
Sem muito tempo para pensar as correntes de Kojima começaram a invadir o local. Todos, coordenados por Tora, desviaram embora os ataques não cessassem. Os outros seguranças partiram para investidas corporais com seus bastões e alguns eram nocauteados por chutes e socos violentos do grupo de Revolucionários. Foi quando, Soyuma surgiu sorrateiramente atrás de Tron.
— Tron atrás de você!! — Alertou Tora aos berros.
— Você primeiro. — Disse o homem calmamente tocando nas costas do jovem na face inversa ao peito, sem tempo de reação para o jovem Revolucionário.
Imediatamente uma corrente de Kojima veio em direção ao jovem atingindo-o de raspão, contudo de forma violenta o suficiente para abrir um grande rasgo na carne.
— Tron!!!
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeDom 02 Fev 2014, 20:05

Capítulo 13 - Cinzas Cadentes


Uma silhueta padecia em meio às cinzas dançantes. O sangue escorria pela mão que tentava estancá-lo e pela perna direita encharcando o tecido. Uma tosse ecoava. Tron era abatido.
 
— Tron! Responda! — Gritou Akira, tentando afastar as lembranças dolorosa das inúmeras perdas de quem um dia ele considerou importante. — Seu desgraçado! — Continuou ele exaltando, agora dirigindo sua raiva para Soyuma.
O homem por sua vez movia-se sem ser percebido em sua cortina de cinzas.
— Não adianta espernear moleque. Seu amigo vai morrer em breve. Com a minha seikatsu eu fui capaz de injetar cinzas diretamente nas vias aéreas dele. Tal ato vai intoxicar e obstruir os pulmões. Conforme-se. — Disse ele enquanto se ouvia apenas sua voz desaparecida no mar cinzento.
— Mas que droga! Como eles conseguem nos achar no meio dessas cinzas? — Perguntou Yusuke confuso depois de ver Tron ser atingido certeiramente.
— Moleque burro. Cada um dos seguranças de Avici possui seu kuroi match. Um relógio especial, sensível à seikatsu que entre outras coisas, pode rastreá-lo em certas distâncias. Aqueles seus ataque ingênuos, que foram sugados belos nossos bastões, serviram apenas para que nossos relógios pudesse identificar o seikatsu de vocês. — Respondeu Soyuma ofensivamente.
— Tsc. Tora pegue o Tron e o afaste daqui. Precisamos leva-lo à Hana para que ela o cure. — Ordenou Akira já lacrimejante.
— Oh... parece que vocês não estão sozinhos. Quem é essa tal de Hana? — Imediatamente Soyuma se lembrou das três mulheres que levou ao Setor B. — Então são elas. — Concluiu ele em pensamento em uma expressão séria, desgostoso por ter deixado tal brecha lhe escapar anteriormente.
 
Tora habilmente desviava e nocauteava os seguranças que o atacava enquanto ele conduzia Tron para um local menos tumultuado que aquela seção do corredor.
 
— Espere... — Disse Tron com grande esforço, cuspindo sangue em seguida.
— Não fale nada! Vou ti tirar daqui. — Replicou o amigo.
— Não... eu tenho uma ideia... Por favor... me ajude. — Aplicou a tréplica, pausadamente com grande dificuldade. — Eu já estou limpando meus pulmões... isso não é problema. — Completou ele, que devido às suas habilidades com o ar, faxinava sua caixa torácica. — Vou parar meu sangramento com um bolsão de vácuo... não vai parar a dor ou me curar, mas será pelo menos não morrerei de hemorragia. Me deixe aqui e vá. Eles precisam de você agora. — Terminou.
 
Enquanto isso, Akira e Yusuke trocavam socos e chutes com os seguranças, com dificuldade devido à falta de visibilidade.
— Não dá pra continuar assim. Não enxergo nada. E essas cinzas queimam, não dá pra retirar o calor e lutar ao mesmo tempo. — Reclamou Yusuke.
— Pessoal, o Tron está a salvo. Vou tentar algo, me deem cobertura. — Cochichou Tora ao se encontrar com seus dois companheiros.
 
De repente, um grande martelo de seikatsu veio na direção dos três.
— Desviem! Algo vem do alto! — Alertou Tora.
Depois de esquivar do ataque de Kojima, Tora partiu em uma investida para cima de Soyuma. Desferindo socos, chutes, cotovelados e outros tipos de golpes um atrás de outro, o jovem ainda teve fôlego para dizer:
— Se eu ti vencer, essas cinzas malditas irão sumir, certo?
Soyuma nada respondeu enquanto se defendia dos golpes.
Tora então, canalizou seikatsu para seus músculos e articulações a fim de ganhar mais velocidade e força.
— Que velocidade é essa? Mal consigo acompanhar. — Pensou Soyuma assustado com a velocidade que os golpes de Tora atingiam, tomando distância para não ser surpreendido novamente. — O que aconteceu com este garoto? Terei que usar meu Dokushou¹.
 
Aliando sua capacidade sensorial, o jovem por fim conseguiu socar seguidamente o abdome de Soyuma e depois seu queixo, fazendo seus dentes avermelhavam devido ao sangramento proporcionado pelo soco, antes que o mesmo conseguisse aplicar sua técnica para desviar do Revolucionário.
— Mas o que é isso? Eu nem vi ele se aproximar... e que força é essa?... É como o nosso Dokushou... Onde ele aprendeu isso? — Pensou o homem que continuava sendo socado continuamente.
— Agora Tron! — Gritou Tora, depois de dar um derradeiro chute projetando o corpo de Soyuma para longe.
Mesmo estando distante, assim que ouviu o chamado do amigo, graças a sua capacidade de manipular o ar, percebeu as vibrações provocadas pelo som, localizando-os e lançando uma poderosa rajada de vento que circundava o corpo de Soyuma provocando-lhe inúmeros micro cortes.
 
Depois que o vento cessou ambos, Soyuma e Tron, caíram; um nocauteado, o outro exausto.
— Ótimo! — Celebrou Akira com um sorriso no rosto. — Tora, cuide do Tron, eu e o Yusuke terminaremos aqui. — Disse ele enquanto agitava o ar velozmente com seu seikatsu, espalhando assim, as cinzas de Soyuma, devolvendo sua visibilidade.
 
Quando todo o pó se dissipou, havia apenas alguns seguranças, a contar com Kojima, de pé, surpresos pela derrota de Soyuma.
— Seus pirralhos insolentes, como ousam? — Disse o diretor do Setor A cerrando os dentes de raiva.
Em seguida o homem correu na direção dos jovens enquanto se formava uma armadura de seikatsu de aparência medieval em seu corpo aliada a uma longilínea lança que era segurada com vigor por ambas as mãos. Akira então correu de encontro ao homem e ao canalizar nas mãos, as encouraçou com rochas ganhando grande volume. Quando a distância entre ambos se tornou milimétrica, ambos descarregaram seus ataques. O soco vigoroso de Akira triunfou. A armadura de seikatsu de Kojima desfazia-se no ar enquanto seu corpo caia lentamente no chão depois do impacto que o nocauteou, fazendo o velho revirar os olhos.
 
Todos os outros seguranças que ainda permaneciam lutando estavam estarrecidos, paralisados com a derrota de Soyuma e Kojima.
 
— Kojima-sama e Syouma-sama foram derrotados por esses caras. Impossível. Quem são eles? — Disse um segurança qualquer trêmulo.
Foi quando uma onda de fogo pegou todos de surpresa.
— Óbvio que eu não vou deixar você ficar com todo o crédito, Akira. — Disse Yusuke confiante abrindo um sorriso largo no rosto por ter finalmente derrotado os inimigos que restavam.
— Isso não importa agora. Vamos sair daqui antes que outros seguranças cheguem. Temos que levar o Tron para ser curado pela Hana. — Respondeu Akira consciente do perigo em que estavam.
 
Akira e Yusuke correram ao encontro de Tora e Tron. Akira então se uniu a Tora e apararam o amigo em seus ombros para que ele continuasse a andar e seguiram a diante por aquele imenso correndo para encontrarem Abacchi, Hana e Rizell e continuarem sua jornada em busca por Tohma. Já afastados do local daquela batalha épica, os quatro ouviram um grande estrondo que fez tremer o solo e o túnel em que eles estavam.
— O que foi isso? — Perguntou Yusuke sempre curioso, procurando se equilibrar depois de tamanho temor.
— Vamos nos apressar. — Respondeu Akira sério.
 
...
 
— Alguém na escuta?... Aqui é Kojima... estou solicitando reforços... temos quatro invasores no corredor entre o Setor A e B... chamem o Ooyamaneko agora.
 
...
 
— Hana, Rizell, vocês estão bem?


_________________________________________________


¹Dokushou: Conjunto de técnicas dominadas, após anos de prática, pelos seguranças de Avici e pela Polícia Metropolitana que visam amplificar habilidades corporais e os sentidos. Pode-se desta maneira, ouvir som de passos, batimentos cardíacos, respiração e assim localizar a posição do inimigo, aumentar sua velocidade e força de seus golpes.
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeQui 06 Fev 2014, 13:55

Capítulo 14 - Flecha da Esperança


— Estamos pedindo reforços! Atenção, temos quatro invasores, no corredor entre o Setor A e B. Os quatro são do sexo masculino e aparentam ter em torno de 20 anos. Estão todos usando uniformes, por favor não se confundam. Estaremos mandando imagens registradas pelas nossas câmeras para seus kuroi matchs. — Alertou um segurança qualquer na sala de operações do Setor A ordenado por Kojima, enviando uma mensagem de voz para todos os seguranças de Avici, inclusive para Soyuma.
 
Percebendo a movimentação suspeita de funcionários no setor B, Abacchi deduziu o pior:
— Algo aconteceu com os rapazes. Eles foram descobertos? — Pensou ela. — Preciso pensar em algo para sairmos daqui rápido.
 
— Ei você mulher de trança. Sem corpo mole aqui! Não se desconcentre ou a máquina vai sugar toda sua vida. Hahahaha — Disse Mama Hachi em seu tom grosseiro e debochado.
— Tenho ciência do que esta máquina está fazendo. Obrigada mas não preciso do seu concelho. — Respondeu Abacchi altiva, com um sorriso educado no rosto se não fosse sínico em tal momento, fazendo todas no setor suspirarem com a audácia de ela responder a coordenadora do Setor B de tal maneira.
— Mas o que você disse? — Indagou a mulher roliça fitando o olhar que transparecia fúria na Revolucionária dando passos largos e deselegantes em direção a ela.
Depois de terminar sua caminhada e estar a centímetros da esposa de Shirotaka, a mulher a retirou da máquina abruptamente agarrando pelo pescoço, enquanto soava o alarme devido à desconexão de Abacchi à máquina.
 
— Então se tirarmos as mãos daqui saberão que o fizemos? — Analisou Hana corretamente sempre de forma sagaz típica de si mesma.
 
Abacchi mesmo estando sendo sufocada mantinha sua altivez e não dava nenhum sinal de incomodo com a situação.
— O que foi mulherzinha? O gato comeu sua língua? Por que não diz alguma coisa como aquela? Terei o prazer de arrancar sua cabeça. — Disse a mulher em tom de penitência.
Abacchi então tocou sutil e delicadamente abaixo do seio da mulher de frente ao seu diafragma e estômago. Ela então apontou os dedos indicador e médio horizontalmente, não deixando de manter o toque, em uma posição de flecha.
— Flèche d’espoir. — Disse ela em seu tom comum de voz, enquanto mulher a soltava imediatamente depois do ato, clamando de dor.


— O que você fez? Maldita... o que você fez... com o meu seikatsu? — Berrava ela pausadamente devido a dor que sentia. — Não me diga que você é uma... — Interrompeu a mulher por não conseguir mais dizer nada dada a dor que dilacerava suas entranhas.
— Seikatsu. A energia corporal oriunda das células e despertada pelo Seru Kenryoku. De algum modo a máquina começa a agredir o corpo em um lugar específico. Esta é a fonte. Se o lugar é o coração, seu seikatsu será Anahata e você será capaz de dominar o ar. Se o lugar é a base da coluna, seu seikatsu será Mulahdara e sua habilidade será voltada para o uso de técnicas com a terra. Ao acertar sua barriga bloqueei sua fonte de seikatsu e por isso suas técnicas de fogo não poderão ser usadas durante alguns minutos enquanto seu corpo estará paralisado devido à dor. — Explicou a mulher enquanto se dirigia à Hana e Rizell para retirá-las da máquina geradora enquanto os seguranças assistiam boquiabertos a chefe do Setor B ser derrotada tão facilmente.
— O que... o que vocês estão fazendo suas idiotas? Prenda esta mulher!! — Ordenou ela aos berros, ajoelhada no chão.
 
— Rápido meninas, vamos sair daqui!


...

— Impossível. Ela nos alcançou, e trouxe ajuda. O que faremos Abacchi-san?
— Acalme-se Rizell. Iremos lutar, preciso que você me ouça. Você e ela possuem o mesmo tipo de seikatsu; iremos conter as explosões causadas por ela com as suas chamas. Você entende?
— Sim! — Respondeu a menina com tom firme enquanto retirava de dentro da roupa um pequeno artefato, que dali a segundos futuros, seria seu bastão de batalha.
— Hana, coloque todas para dormir. — Ordenou Abacchi.
— Já estou preparando isso, Abacchi-san.
 
Sem o menor anúncio, uma grande marca de batom se fez na parede do corredor atrás das três intrusas. Segundos contaram entre o surgimento da marca, o ato de percebê-la com o virar do pescoço e a ordem de Abacchi:
— Corram!
Uma grande explosão oriunda da marca de beijo fazia uma cortina de pó cobrir o local. Assim que ela se desfez pode-se ver novamente o mau gosto para moda da mulher. Sua silhueta bizarra agregava com sua — por que não dizer feiura?! — e seu poder, nomeado por ela mesma, como “poder do beijo”.
— Irei explodir todas vocês com meus beijos calientes. — Disse a mulher em estranha pose.
— Quem disse que eu quero ser beijada por você, sua gorda! — Gritou Rizell irritada com o poder da mulher e com a situação em que se encontrava.
— Cuidado com as palavras mocinha. — Replicou Mama Hachi enviando um novo beijo em direção à garota.
— Nem pensar! — Disse ela manipulando seu longo bastão fazendo uma aura de fogo em volta de si.
— Tolinha... — Debochou a inimiga.
 
Ao entrar em contato com o fogo criado por Rizell, a seikatsu enviada por Mama Hachi em forma de beijo, explodiu repelindo a garota para devido à onda de impacto.
— O que? Mesmo assim ela explodirá? — Pensou a jovem, enquanto uma meça de branca de seu cabelo caia sobre o rosto contrastando com sua pele morena, depois de perceber que combater as explosões da mulher com fogo seria tolice.
— Rizell, você tem que usar suas chamas no exato momento que ocorrer a explosão! Usá-lo antes não adiantará de nada. — Explicou Abacchi enquanto abatia outras seguranças com a técnica que outrora usara em Mama Hachi. — Só assim você poderá nos proteger. — Terminou ela.
— Hohohoho... não ache que vai conseguir conter minhas belíssimas explosões, pirralhas. — Provocou a mulher ao fazer uma pose, que falhava em transparecer graciosidade e feminilidade.
— Tome isso! — Disse Rizell avançando contra ela com seu cajado em um movimento ágil criando labaredas violentas dadas ao movimento seguido de salto e chute.
A garota, no meio do seu salto, percebeu que Mama se preparava para lançar um novo beijo explosivo. Se o ataque fosse certeiro, Rizell seria explodida em pedaços assim como a parede anteriormente. Velozmente a garota usou seu bastão como alavanca para mudar sua trajetória no ar com auxílio de uma grande chama de fogo cuspida de sua boca. Depois de transpor-se o corpo de Mama, a garota desferiu um chute poderoso em suas costas que provocou faíscas lançando a mulher contra a parede.


— Certo! A produção de hormônios do sono já o suficiente para todas elas dormirem por horas e horas. — Disse Hana enquanto as seguranças que ainda restavam de pé caiam lentamente devido à sua técnica.
— Ótimo, vamos sair daqui e encontrar os meninos.
 
Surpreendentemente, Mama Hachi levantava-se depois do golpe sofrido.
— Agora vocês me deixaram furiosa! Contemplem o poder do beijo! — Berrou ela sem pudor com os olhos flamejando cólera. — Ocho Besos!
Imediatamente oito marcas de batom se fixaram em lugares diferentes daquele corredor. Um a um, eles começaram a explodir sucessivamente. Explosões muito maiores que as anteriores. A fumaça proveniente das explosões pairava no ar. Mama Hachi finalmente foi detida pelo sono que era tão violento que a fazia roncar feito um porco.
 
— Hana você está bem? — Perguntou Abacchi aparando a jovem que apresenta algumas escoriações e sangramentos.
— Sim, estou. E você? Irei curá-la.
— Estou bem também, não se preocupe. Onde está a Rizell?
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeQui 13 Fev 2014, 12:00

Capítulo 15 - Égide Azul


— Hmmm? O Kojima e Soyuma foram abatidos? Está me dizendo que existe alguém mais forte que dois dos mais fortes seguranças e coordenadores de Avici? — Dizia um homem sentado a sua mesa de afazeres, de costas para o subordinado que lhe veio trazer tal notícia, enquanto se via a fumaça de seu charuto dissipar-se pelo ambiente.
— Sim Daisuke-sama! Também há rumores de que o Setor B está com problemas também causados por invasores. — Continuou o subalterno. — Também está nos chegando notícias que os operários do Setor A estão se rebelando! — Terminou ele.
— Hmmm... — Suspirou o homem depois de uma longa inspiração, enquanto não demostrava espanto com o que lhe era noticiado.
— Segundo informações que o próprio Kojima-sama nos enviou, há um Sarashara entre os intrusos!
— Um Sarashara? Dizem que eles são apenas lendas de tão raros que são. Talvez isso explique a derrota daqueles dois. — Observou o homem, em pensamento, enquanto exalava, displicentemente e de certa forma, charmosa, a fumaça de seu fumo pela boca. — Não há escolha. Vamos logo antes que isso fique pior. Chamem os meus homens, vamos entrar em formação B. — Ordenou ele em tom indiferente.
 
...

Chamas azuis cintilavam o local. A poeira ainda pairava e a luz brilhante provocada pelas labaredas atraia Abacchi e Hana ao mesmo tempo em que as fascinavam pelo seu incomum brilho.
— Rizell! —Gritou Hana assustada com a amiga caída de bruços no chão sem demonstrar sinais de vida, enquanto se percebia uma grande queimadura nas costas descobertas da garota e suas roupas chamuscadas. — Rizell, o que aconteceu? — Perguntou em vão sem obter resposta. — Eu vou ti curar... — Mudou ela de ação assim que percebeu que Rizell não respondia a seus outros estímulos.
 
Enquanto isso Abacchi tentava encontrar uma solução para explicar o que teria havido com a companheira olhando atentamente ao seu redor.
— Ela foi atingida por aquelas explosões? — Pensou alto. — E esse fogo azul? Foi o que ela usou para contrabalanceá-la?
— Como assim Abacchi-san? Você está dizendo que um daqueles beijos daquela mulher atingiu a Rizell? — Perguntou Hana confusa, tentando virar o pescoço a ponto de enxergar Abacchi enquanto mantinha seu torço e braços estendidos de frente à Rizell canalizando uma grande quantidade de seikatsu no ferimento da menina que se estendia pelo braço direito, ombro e boa parte das costas.
— É a única coisa que consigo pensar. Rizell foi atingida por aquele beijo e quando a marca explodiu, ela se incendiou com essas chamas azuis para proteger a si mesma do impacto. Parece que ela usou muito seikatsu e mesmo assim parece não ter sido suficiente.
 
Aos poucos o ferimento ia sendo curado por Hana enquanto o seikatsu da garota adentrava pelas células de Rizell energizando-as e induzindo o corpo a produzir enzimas e células para recuperação dos tecidos queimados. As incríveis capacidades medicinais do seikatsu da garota fazia acelerar exponencialmente a recuperação de Rizell, contudo, algo a intrigava.
— Isso não está certo. Uma explosão tão grande como aquelas, seria capaz de despedaçar o corpo humano. Combater fogo com fogo não resolveria; o impacto ainda sim não poderia ser combatido apenas com isso. O que são essas chamas? — Pensava Hana sem deixar de se manter concentrada na recuperação da amiga.
Ela então deslocou uma de suas mãos a fim de tocar as chamas azuis que ainda queimavam no chão ao redor de Rizell. Foi quando ela sentiu uma onda enérgica percorrendo todo seu corpo, revigorando e energizando cada uma de suas células. Nenhuma dor; nenhuma ardência — afinal estava tocando labaredas.
— Essa sensação; é como se eu estivesse sendo curada. Meu cansaço com certeza teria um fim se continuasse sendo energizada por estas chamas. Isso assemelham-se muito ao que nós Vishuddas manipulamos para curar feridas. Seria isso a causa da sobrevivência dela? — Pensava Hana.
 
— Hey... até que enfim alcançamos vocês!! — Berrava Yusuke pelo corredor, correndo, assim que viu a figura das três companheiras, em seu modo sempre espalhafatoso. — Hana, rápido, você precisa curar o Tron, ele foi ferido!! — Disse ele sem reparar no estado de Rizell.
— Oh.. traga-o rápido! Irei curá-lo! — Ordenou ela, fazendo então Yusuke perceber o que acontecia antes de sua chegada.
— Hmmm? O que aconteceu com a cavalona? — Perguntava ele, franzindo a testa, depois de cessar sua agitação inicial vendo o estado da garota, enquanto sua face tomava um inevitável ar de dúvida e preocupação, embora ele fizesse questão de escondê-lo, sem sucesso.
— Não precisa se preocupar comigo, idiota! — Disse Rizell lentamente enquanto se ajoelhava preocupada em ajeitar suas roupas, que devido à explosão, pulverizou o tecido em diversos pontos, mostrando assim sua pele morena, agora recuperada depois do tratamento de Hana. — Eu já estou bem... — Terminou ela, agora sem levantar a voz, desviando o olhar, como se envergonhasse pela preocupação demostrada pelo rapaz.
— Rizell, não faça movimentos bruscos, eu não terminei ainda! — Alertou preocupada, a outra.
— Obrigada Hana-chan! Não precisa se preocupar; você agora deve cuidar do Tron-kun. — Disse ela esboçando um sorriso terno de agradecimento enquanto se levantava vendo Akira e Tora chegarem com Tron.
 
Tron foi acomodado no chão enquanto Hana, ajoelhada diante dele, analisava suas condições e elaborava o mais eficaz dos tratamentos. Seus pulmões e vias aéreas apresentavam queimaduras e embolias provocadas pelas cinzas. A pele também estava ligeiramente escoriada, além do rasgo no lado direito entre a cintura e o quadril, que havia sido estancado grosseiramente por si mesmo.
— Oh.. você conseguiu estancar parcialmente o sangramento?! Assim você facilita meu trabalho... — Disse ela faceiramente a fim de descontrair diante de tamanha tensão, sendo respondida por um agradável sorriso vindo da bela face de Tron, que tentava esconder sua fadiga.
 
O tratamento de Tron seguiu como nos conformes. Depois de estar totalmente curado, Hana ainda cuidou das escoriações cáusticas na pele de Yusuke e Akira, provocadas pelas cinzas de Soyuma.
— Estou tão aliviada que você está bem. — Disse Hana com lágrimas nos olhos depois de terminar de curar as feridas de seu amado, abraçando-o forte.
— Não se preocupe; vamos apenas encontrar o Tohma e sair logo daqui. — Disse ele carinhosamente, sussurrando para ela enquanto tomava-a completamente em seus braços.
— Ótimo. Agora que todos já estão recuperados, vamos sair daqui. Temos que encontrar o Tohma rápido. Agora que eles já sabem de nós, seremos caçados sem parar até que estejamos mortos. Precisamos agir rápido. — Disse Abacchi interrompendo o momento de ternura de Akira e Hana fazendo os dois separarem de seu abraço.
 
O grupo preparava para partir quando foi interrompido:
— Por favor, esperem! Me ajudem!
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeSex 21 Fev 2014, 00:32

Capítulo 16 - Kaiena


Uma voz aguda e tristonha ecoava naquele corredor que outrora esteve tão agitado. Uma mulher de longos, lisos, escuros e soltos cabelos, olhos e olheiras tão escuros quanto; magra, de aparência frágil — até por conta de ser diariamente sugada — com a ossada aparente, radiava ternura e uma beleza sofrida mesmo em tais condições físicas.
 
— Vocês são Revolucionários não são? — Perguntou ela em seu tom aflitivo de voz.
— Sim, somos. Estamos aqui para resgatar um companheiro. — Respondeu Abacchi secamente.
— Eu preciso que vocês me ajudem! Eu os imploro. — Disse ela ajoelhando-se ao chão diante daqueles sete, aos prantos.
— O que você quer? Aconteceu alguma coisa? — Perguntou Akira demostrando interesse na cena da mulher.
— Meu pai, ele foi capturado há nove anos; pedi ajuda ao Governo Metropolitano e não obtive nenhuma resposta. Fui ignorada e induzida a esquecer de meu pai e o que havia acontecido. Então resolvi virar uma operária de Avici para tentar encontra-lo aqui, depois de ouvir boatos e relatos do dia de seu desaparecimento. Alguns realmente eram verdadeiros; esta usina não passa de fachada para o verdadeiro sentido dessa fortaleza, que nada mais é que um local com um terrível propósito de confinamento. Fiz de tudo para encontra-lo; investiguei, fui a lugares que não são permitidos aos operários comuns, arrisquei minha vida, quase fui presa e morta, mas não fui capaz de chegar a ele. Agora trabalho diariamente aqui e sinto que estou fadada a morrer sem ao menos saber o que houve com ele. Por favor, me ajudem a acha-lo. — Contou ela chorando, onde cada lágrima que escorria de seus olhos fundos e cansados, parecia uma cachoeira de tão dolorosas que eram.
 
Os sete Revolucionários olhavam-se entre si. Sabiam que era de uma crueldade desumana deixar aquela mulher desamparada à própria sorte sem se solidarizar com sua história, contudo tinham uma meta a cumprir; salvar Tohma era seu objetivo e assim que este fosse cumprido, eles deveriam escapar a qualquer custo. Tomar para si mais um desafio tão incerto quando aquele que fez que os sete invadissem aquele local era arriscado demais. Uma decisão que partia o coração de cada um deles.
 
— Viemos aqui em busca de um amigo. — Iniciou Akira caminhando em direção a mulher e depois amparando-a e levantando-a do chão de onde ela se mantinha ajoelhada. — Nós sabemos como você se sente. Sabemos como é perder alguém querido e não ter nenhuma confirmação de que ele esteja vivo ou morto. — Disse ele enquanto um filme passava na cabeça dos outros seis com lembranças felizes e outras nem tanto, que passaram ao lado de Tohma. — Não teria sentido eu estar em um caminho tão semelhante ao seu e deixá-la aqui sem ajuda. Venha conosco, vamos lhe proteger e encontrar seu pai. — Terminou ele abrindo um sorriso otimista, segurando com fervor as mãos da mulher, enquanto as lágrimas escorriam e colidiam com elas.
— Muito obrigada, muito obrigada... — Agradeceu ela incapaz de continuar devida tamanha emoção.
— Meu nome é Kaiena. — Falou simultaneamente ao ato gracioso de enxugar o pranto que ainda teimava em cair.
 
— Certo, vamos sair daqui. Em poucos minutos isso aqui vai estar recheado de guardas e não estamos em condições de lutar novamente. — Disse Abacchi, incisa e sempre consciente.
— Oh.. eu sei de uma passagem que somente pelos carcereiros do Limbo. Eu não consegui cruzá-la completamente, mas eu sei como podemos chegar até lá; não fica muito longe daqui. — Contou Kaiena, uma de suas informações adquiridas nos anos de investigação que promoveu solitariamente ao mesmo tempo em que trabalhava no Setor B.
— Limbo? O que é isso? — Perguntou Yusuke sempre curioso, levantando a sobrancelha esquerda, evidenciando sua dúvida.
— Limbo é o local mais misterioso de Avici. Poucos pisaram lá e saíram vivos. Dizem até ser puro folclore. Conta-se que é lá que as pessoas são “descartadas”. Vocês viram; aquele homem que desmaiou no Setor A. — Explicou Abacchi, fazendo a imagem que viram há poucos minutos, invadir a mente dos seis Revolucionários. — Como ele não podia ser mais útil à cidade de Metropolis, pois seu corpo chegou a uma fadiga irreversível, ele foi enviado ao Limbo onde será executado! Lá também são executados os criminosos e Revolucionários da cidade. — Terminou ela seu preciso esclarecimento.
— Que cruel. Eles tratam seres humanos como lixo. Aqueles que não são mais necessários são dispensáveis. Nem se importam com a vida e família dessas pessoas. — Lamentou Rizell horrorizada com sua nova descoberta.
— Seu pai está lá Kaiena-san? — Perguntou Tron.
— Creio que sim. Não existe em Avici outro lugar para ele estar senão este. — Respondeu ela.
— Há chances de o Tohma estar lá Abacchi-san? — Interrogou Hana.
— É provável que sim. Ele é um Revolucionário capaz de manipular seikatsu para lutar. Diferente de todos os operários que produzem seikatsu apenas para servir a Avici, ele seria perigoso demais se colocado no Setor A ou B. Além do mais, o Limbo também age como uma prisão eterna para os que são contra o regime de Metropolis. Não sabemos o que acontece lá. Ele e o pai de Kaiena podem já estarem mortos ou não. Por isso vir aqui seria uma jornada arriscada demais. — Respondeu ela em seu tranquilo e habitual tom. — Vamos usar esta passagem. Eu sei de um lugar onde poderemos descansar. Vamos fazer uma pausa e então continuar nossa busca. — Liderou Abacchi.
 
Enquanto Abacchi explicava, Akira pensava com fervor na possibilidade do amigo estar morto e tentava, a todo custo, espantar tais agouros da mente:
— Você tem que estar vivo Tohma. Espere só mais um pouco, eu estou chegando!
 
...

O motim continuava no Setor A. Os operários, aproveitando-se do tumulto causado pelos sete Revolucionários que ousaram invadir Avici, foram tomados por uma onda de rebeldia contra aquele sistema injusto, opressor e vil. Os seguranças que restaram naquele local, mal podiam conter tantos rebeldes que escapavam pelo labirinto de corredores procurando uma saída e gerando ainda mais balbúrdia e confusão na fortaleza subterrânea. Alguns se moviam em pequenos grupos; outros em uma grande manada de revoltosos; e ainda existiam aqueles mais furiosos que vandalizavam as máquinas e sistemas operacionais daquele local provocando um colapso generalizado jamais visto.
 
O mesmo começava a se repetir no Setor B, que a pouco ficou sem sua coordenadora-chefe. O contingente de seguranças era incapaz de contar tamanha rebelião. Os homens liderados por Daisuke, o Ooyamaneko — a Tropa de Elite de Avci — começavam a se dispersar em busca do estopim da confusão — os sete Revolucionários liderados por Abacchi — auxiliados pelos seus kuroi matchs que haviam recebido, de Kojima e seus subordinados, a assinatura de seikatsu e outras informações dos invasores e tentavam rastreá-los naquela imensidão de concreto e aço, ao passo que também tentavam dominar os revoltosos usando de força e violência e táticas especiais próprias desenvolvidas para abatê-los de forma rápida, prática e precisa.

— Eu não posso estar enganado. Meus olhos não erram. Então você finalmente voltou Abacchi.
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeQui 27 Fev 2014, 13:49

Capítulo 17 - Transição


O grupo liderado pela esposa de Shirotaka corria sorrateiramente pelos corredores vazios de Avici. As dimensões colossais do local proporcionava que toda sua extensão não fosse ocupada nem por seguranças ou operários. Depois de tanto correr o grupo se deparou com o fim daquele túnel que se abria em um grande hall que se enraizava escadas que levava a outros andares, sobre níveis e outras sacadas, portões —fechados — e corredores que levavam a lugares distintos. Após descer a sequência de degraus, cruzar o hall e adentrar em uma das bocas de uma nova passagem que se alongava por metros e metros, o grupo se deparou com um grupo de seguranças, ao longe, que corriam de encontro a si mesmo. O choque era inevitável.
— Akira, agora! — Ordenou Abacchi, ao passo que o rapaz tomava a dianteira do grupo fazendo seu movimento.
O rapaz correu enquanto abria os braços de forma que eles apontassem para frente, com os punhos fechados, em direção aos inimigos. Imediatamente, o chão começou a rasgar-se como folha de papel criando uma profunda trincheira, paralela aos leitos do corredor, que começava metros a sua frente e ia até as proximidades do grupo inimigo, mutilando o revestimento que nele existia.
— Ele vai fazer alguma coisa, fiquem todos alertas! — Disparou algum homem que parecia liderar aquele grupo.

Os seguranças continuavam correndo em direção aos intrusos. Desta forma caíram ingenuamente na arapuca de Akira. Assim que todos eles estavam dentro do raio de alcance da trincheira, o jovem iniciou um novo movimento, desta vez abrindo os braços de forma que ficassem apontados para as paredes daquele túnel, de forma que o chão começara a se levantar criando duas paredes sólidas e espessas o suficiente para prensar aquele grupo contra as paredes do túnel. Os seguranças nada puderam fazer diante de tamanha surpresa. Os muitos que não conseguiram desviar ou se defender do ataque do Revolucionário, desfaleceram inconscientes devido ao violento choque.
— Não tenho tempo para brincar com vocês!! — Exclamou o jovem sério.
— Ora seu... — Retrucou o homem ainda distante dos oito intrusos.
— Rizell, Yusuke, vão! — Liderou mais uma vez a esposa de Shirotaka.
Os dois usuários de fogo saltavam a frente do grupo. Ela aliada a seu cajado e ele de punhos vazios, manipulavam juntos uma imensa rajada de fogo que tomou conta de cada centímetro do corredor, forçando os seguranças a usarem seus bastões absorventes, devido à falta de visibilidade provocada pelas labaredas.

— Mas o que são eles? — Perguntou outro segurança impressionado com os feitos do grupo.
— Cale a boca e os detenha! — Ordenou aquele primeiro, sem desfocar-se da direção de onde vinham os ataques dos penetras. — Atenção, aqui é Paykan da Divisão . — Disse ele depois de trazer seu punho à altura do queixo, o suficiente para que sua voz fosse captada pelo seu kuroi match e transmitida ao destinatário. — Encontramos os intrusos. Eles estão no corredor 17 indo em direção ao Setor C. Estão em oito, todos vestindo uniformes de operários. Quatro homens e quatro mulheres. Enviem reforços já! — Terminou ele sua transmissão.
— Entendido Paykan-sama! — Respondeu alguém do outro lado da linha.

Imediatamente após o fim de sua transmissão — que cessou de modo sincronizado as chamas de Yusuke e Rizell — Paykan se deparou com Abacchi em seu encalço. A mulher havia saltado e sua perna encontrava-se centímetros distantes da cabeça do homem, pronta para receber o chute poderoso da mulher. Antes que tal cena acontecesse, ele agilmente conseguiu interceptar o movimento com o antebraço e segurando a perna da Revolucionária com a outra mão livre.
— O que pretendia mulher? — Perguntou ele deparando-se com um sorriso na face de Abacchi que não parecia se preocupar por ter falhado e sido pega.

Ele então em um golpe rápido jogou Abacchi pela perna, para trás de si com a intenção de fazê-la chocar-se contra a parede. Habilmente ela conseguiu aterrissar, mudando sua trajetória, antes que isso acontecesse de algum modo misterioso, intrigando o homem e fazendo-o distrair-se em seus pensamentos para entender como ela conseguiu tal feito. Tal distração foi o suficiente para que ele não percebesse a aproximação de Tron, que ao concentrar seikatsu em seus punhos, criou uma áurea de vácuo em cada um deles, que ao se chocarem simultaneamente com o abdome do homem, o fez clamar de dor, curvando seu tronco para frente devido à força do impacto. O que restou a ele, foi apenas desmaiar, provocando espanto nos outros seguranças que ainda estavam de pé. Suas pernas tremiam.
— Paykan-san foi derrotado... assim tão facilmente?! — Disse um deles incrédulo diante de tal cena que o obrigava a falar pausadamente de tamanho assombro.

Os oito então passaram por aqueles outros seguranças como trator; pulverizando qualquer chance de serem capturados.
— Oh... vocês são fortes mesmo. — Disse Kaiena enquanto olhava para trás e via todos os inimigos caídos enquanto suas madeixas escuras esvoaçavam graciosamente dançando sensualmente sobre seu rosto.
— Mas é claro! — Respondeu Yusuke, também correndo, ao estufar o peito de orgulho. — Somos os soldados mais fortes; liderados pelo incrível Shirotaka-sama, o homem que vai salvar Metropolis! — Terminou ele se gabando ao apontar o polegar em direção ao peito.
— Corra mais e fale menos, Lesado-kun! — Repreendeu Rizell o rapaz, dando-lhe um safanão na altura de seu ombro.
— Do que me chamou cavalona? — Rebateu ele ofensivamente irritado com o modo que a garota se referiu a ele.
— Shirotaka? — Indagou Kaiena despertando olhares dos dois fazendo-os evitar um confronto mais direto.
— Sim. Você o conhece? Ah... deve conhecer, afinal ele é tão famoso! Ha ha ha — Respondeu ele sua própria pergunta e gargalhando no final repetindo seu tom enaltecido.
— Eu disse pra correr! — Gritou Rizell punindo, novamente a indisciplina do parceiro em não tê-la obedecido anteriormente, desta vez com um soco que o fez cair.
— Mas o que? Você de novo cavalona? — Inflamou ele, esbugalhando os olhos, irritado com a rigidez da companheira, levantando-se agilmente.

De fato, este nome não era estranho para Kaeina. Encontrava-se ela, naquela situação onde tentava se lembrar de algo — em seu caso específico, onde e em que circunstância teria ouvido tal nome — e não era capaz, pois sua mente era invadida por um vazio branco no qual ela não conseguia escapar, mesmo que forçasse fugir a todo custo.

Abruptamente Abacchi cessou sua corrida, induzindo os outros fazerem o mesmo.
— Algum problema Abacchi-san? Perguntou Hana curiosa tentando entender o motivo daquilo.
— Já estamos perto do Setor C. Quero me ouçam atentamente e sigam minhas ordens sem nenhuma contestação. O Setor C é onde os funcionários de Avici reabilitam-se; é como uma enfermaria. Um local de repouso entre os turnos. Lá são ministradas inúmeras substâncias para tratamento dos operários desgastados pelo uso excessivo de seikatsu. Ouçam, prometam-me que não irão comer ou beber absolutamente nada!

Os oito então se depararam com o portão que, quando aberto, proporcionaria a entrada para aquele novo setor. Uma nova aventura está a caminho!
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeQui 06 Mar 2014, 12:48

Capítulo 18 - Insídia


Um grande portão de aço maciço e concreto separava expectativas e emoções. Uma barreira entre o presente e o futuro incerto. A porta que separava aquele corredor do Setor C encharcava-se de ansiedade exalada pelos oito heróis que rebelaram contra Avici. O que havia do outro lado? Que desafios os esperava?

Tora, como feito outras vezes anteriormente, camuflou seu seikatsu a fim de abrir a barreira. Ao passo que aquela grande massa se movia lentamente, separando suas duas faces — que outrora estevem unidas ao ponto de quem nem mesmo o menor dos filetes de luz transpusesse o encaixe simétrico entre elas. Todos os oitos, parados, olhavam a porta colossal se mover abrindo e mostrando o que havia do outro lado. À passos lentos, os oito entraram naquele lugar.
— Ué, não tem ninguém aqui. Isso aqui não deveria ser uma enfermaria Abacchi-san? Que tipo de enfermaria não tem enfermeiros? — Questionou Rizell curiosa enquanto Abacchi olhava tudo sob seu olhar cismado e apreensivo.

Ao entrar naquele grande galpão, os oito rebeldes, se depararam com incontáveis operários de Avici dispostos em macas precárias e mal acomodadas. Tal quantidade de homens e mulheres era tanta, que não havia leito para tantos. Alguns foram acomodados no chão, envoltos a lençóis brancos, sem o menor zelo de higiene, conforto e dignidade. Todos dormiam. Pareciam sedados ou apenas prostrados devido ao grande desgaste diário que sofriam.
— Vou buscar os suprimentos para nossa recuperação na dispensa. Fiquem aqui e alertas. — Disse a líder enquanto caminhava em direção a uma escada lateral que levava a um andar inferior, onde eram guardados os remédios, kakkizukerus, comida, frascos e outros tipos de utensílios úteis na rotina daquele lugar, dispostos em prateleiras que iam do chão até a proximidade do teto.

Ao passo que Abacchi desparecia na escada conforme ia descendo os degraus, os sete que permaneceram, intrigados, no andar por onde entraram, olhando o local e os operários adormecidos. Hana caminhou entre as macas e, aleatoriamente, escolher um paciente para buscar informações, tocou-o com suavidade como se não quisesse fazê-lo despertar de seu sono.
— Olá, o senhor está bem? — Perguntou ela sem resposta, visto que o homem não despertou de seu transe. — Consegue me ouvir? — Insistiu ela antes de perceber a sonda acoplada à maca que enviava um soro incolor e endovenoso.
Ela então instintivamente começou a trata-lo com seu seikatsu, bem como fez com Tron e Rizell anteriormente. Com as mãos espalmadas sobre o peito do homem que ostentava uma barba comprida e seu rosto magro que reforçava uma aparência debilitada e envelhecida, chamou a atenção de Tora, que caminhava em direção a ela para ver com mais clareza o que ela fazia e que lhe chamava a atenção.
— Oh... você não consegue ficar sem curar alguém, não é mesmo? — Disse ele, fazendo-a saltar de susto, afinal ela empenhava toda sua atenção àquele ato, fazendo o rapaz de olhos puxados sorrir com a reação da moça.
— Oh, Tora-kun... — Suspirou ela levando uma das mãos ao peito, como se tivesse ficado sem ar devido ao susto. — Sim você tem razão. Acho que é uma sina. Recebi o dom de curar as pessoas; não há nada que demonstre mais humanidade e generosidade do que isso. Dispor meu tempo e poder em prol daqueles que nem ao menos conheço. — Respondeu ela tranquilamente enquanto não se desfocava do tratamento ao senhor na maca e sua mente era invadida por alguma lembrança qualquer que cisou seu belo rosto. — Eu gosto, afinal. — Terminou ela abrindo um sorriso, dirigindo sua face para que pudesse ser vista pelo amigo, espantando sua lembrança que a rodeava.

— Mas o que há com este lugar? — Pensava Akira solitário enquanto caminhava em direção à entrada, distraído, analisando o local que lhe parecia suspeito demais. Talvez fosse por não haver nenhum funcionário, ou por todos os pacientes estarem adormecidos, ou ainda pela própria estrutura do local.
Diferente do Setor A e B o Setor C não possuía nenhuma passagem adjacente senão a única pela qual os oito entraram anteriormente. Além de parecer mais um local improvisado do que propriamente uma enfermaria. Não somente isso, o jovem Revolucionário se intrigava com algo a mais:
— Por que me sinto tão cansado? Seria por que fui sugado naquela máquina no Setor A? Ou me desgastei além da conta naquela luta? Isso não faz sentido. Eu geralmente possuo uma quantidade de seikatsu muito superior a de outras pessoas. — Pensou ele sozinho tentando encontrar uma resposta para suas perguntas.
O jovem então se virou e viu Hana curando o senhor, Rizell e Yusuke em suas habituais discussões, mesmo que desta vez, Tron e Kaiena tentasse apaziguá-los.
— Todos parecem bem... — Pensou ele.
O rapaz de pele clara e cabelos lisos e despojados de maneira casual tentou canalizar seu seikatsu e produzir alguma labareda. Pasmo, ele pensou:
— Impossível! Mal consigo reunir seikatsu e manipulá-la. O que acontece comigo? Por que não consigo usar meu poder sendo que Hana consegue? — Perguntava ele a si mesmo. — Pessoal, temos que sair daqui agora! — Gritou ele chamando a atenção de seus companheiros dispostos em locais diferentes da sala, enquanto sua visão embaraçava e turvava durante alguns segundos.
— Akira-kun, algum problema? — Perguntou Rizell sem entender a atitude do amigo.
— Temos que sair daqui! Meu seikatsu...

...

— Bastardos imundos. Ainda continuam aplicando isso nos operários. — Pensou alto, Abacchi, enquanto vasculhava nas prateleiras por algo e jogava frascos no chão com violência suficiente para quebrá-los e espalhar pelo chão o líquido neles contidos.
Abacchi se referia ao Extrato de Isonsei, uma substância criada há anos atrás que era ministrada para combater o cansaço e fadiga proporcionados pelo uso contínuo e excessivo de seikatsu. Todavia, tal medicamento foi proibido e banido por causar extrema dependência ao mesmo. De certa forma, era mais um instrumento de dominação imposto aos operários que eram tratados diariamente com ele. Uma vez que abandonasse os serviços à Avici, o corpo, dependente do Extrato, sofreria com a abstinência ao produto, que entre outras coisas, provoca uma série de dores pelo corpo, perda de memória, úlceras viscerais, fadiga prolongada e, segundo alguns relatos, até mesmo tumores letais.
A mulher então, depois de pegar uma pequena pochete e acoplá-la sobre o quadril, encontrou um pacote de papelão simples, que continha uma dúzia de pastilhas brancas. Era o que ela procurava. Depois de guarda-lo em sua bolsa, ela também inseriu dentro dela, ataduras e outros itens que ela julgou que seriam úteis em sua jornada dali em diante.

— Ótimo. Já tenho tudo que precisamos; vamos sair logo daqui, pois estou com péssimo pressentimento. — Pensou ela enquanto corria para a escada e subia os primeiros degraus.
Foi quando ela sentiu um forte tremor que percorreu todo o Setor.
— O que? Não pode ser! — Pensou ela sem reação nenhuma enquanto era engolida e jogada contra a parede devido a uma imensurável quantidade de escombros vinda de todas as direções.

O Setor C foi explodido!
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeSex 14 Mar 2014, 13:32

Capítulo 19 - Dispersão

Todos estavam atordoados tentando entender o que se passava ali. A outrora calmaria havia se transformado numa tempestade que atentava contra os corações daqueles jovens guerreiros. Uma tormenta anunciada; um agouro que a partir dali, mudaria o rumo da busca dos Revolucionários por seu amigo Tohma.

Ainda confusa com o que aconteceu, Hana tentava se levantar e identificar o local em que estava. A garota, acompanhada de Tora, encontrava-se em, mais um, corredor longilíneo que corria paralelamente ao Setor C onde ambos eram divididos por uma camada de concreto e lataria, cabos elétricos e outros materiais.
— O que aconteceu? Como viemos parar aqui? — Tentava entender a situação, Hana, com a mão na cabeça evidenciando dor e confusão mental, enquanto, ainda ajoelhada, se via em meio a pedregulhos e blocos de concretos caídos sobre si e sobre seu parceiro.
— Tora-kun está tudo bem? — Disse ela virando a cabeça para dirigir o olhar a seu amigo quando se deparou com algo que gelou sua alma.

...

— Mas que diabos acontecem aqui? De repente tudo explodiu; eu mal consigo lembrar-me das coisas. — Disse Yusuke, que foi jogado para um diferente local, junto de Rizell, Tron e Kaiena.
— Você não conseguiria lembrar nem do dia de ontem se quisesse, afinal seu cérebro possui grandes limitações, Lesado-kun. — Ironizou Rizell, ao lado do companheiro ao passo que se levantava e via que Abacchi, Akira, Hana e Tora não estavam presentes.
— Como é que é cavalona? — Berrou Yusuke irritado com a provocação da garota. — Ai... — Queixou-se ele de dor depois de levantar abruptamente, levando a mão ao ombro, expressando dor em sua juvenil face.
— Oh, o Parvo-kun está ferido? — Disse Rizell instintivamente ao ver o garoto demonstrar dor se virando rapidamente para ajuda-lo, contradizendo sua fala, que se tratava novamente de uma ofensa e sua expressão facial e corporal que evidenciava preocupação, mesmo ela não percebendo isso.
— Eles são sempre assim? — Perguntou Kaiena para Tron em baixo tom a fim de não ser ouvida pelos outros dois, fazendo Tron abrir um sorriso constrangido respondendo a pergunta da mulher sem ao menos enunciar alguma palavra.
— O que você vai fazer comigo, sua cavalona? Não se aproxime de mim!
— Cale a boca! — Exasperou a morena dando um sopapo no ombro lesionado de Yusuke, com fúria nos olhos, fazendo desta forma curar o jovem de sua contusão.
— Oh, não sinto mais dor. Obrigad... — Antes que pudesse terminar sua fala de agradecimento, o garoto foi tomado pelo um espírito combativo que sempre teve quando se está diante da garota. — O que você fez? Algum tipo de bruxaria? Sua cavalona macumbeira! — Berrou ele assustado com a obra da garota, procurando afastar-se dela.
— O que? Eu deveria deixar seu braço cair! — Berrou ela em tão alto tom quanto ele, irritada. — Além de burro é ingrato. — Virou-se ela, fechando os olhos e cruzando os braços, de costas para ele com se não quisesse levar aquele discussão adiante. — Seu ombro estava deslocado; provavelmente por conta do impacto que sofremos. Eu apenas ajeitei isso. — Disse ela agora com uma entonação mais branda e de certa forma, tímida.
— Bom, já que todos estão bem, acho que devemos sair daqui e encontrar com os outros. — Cerrou Tron.
— Mas nós nem sabemos aonde viemos parar. Afinal que lugar é esse? — Observou Yusuke confuso.
— Não devemos ficar aqui justamente por isso. — Iniciou Tron. — Estamos em território inimigo, não sabemos o que pode acontecer a partir de agora. — Pausou ele rapidamente para que pudesse iniciar uma nova fala. — Agora tudo faz sentido. O Setor C, aquele que é como uma enfermaria, vazio, sem nenhum segurança ou alguém para nos impedir; o fato de estarmos cansados e debilitados pelas últimas lutas. Tudo não passou de uma jogada para nos atrair para lá e quando nós o fizemos, eles usaram o meio mais fácil para nos eliminar rapidamente. — Terminou Tron sua explicação. — Temos que encontrar o resto de nosso grupo rápido!

...

Hana não se continha. Lágrimas escorriam dos olhos incessantemente. Um tremor corria pelo seu corpo no qual a impedia de se mover ou de ter qualquer reação. Sentada, encolhida, apavorada. Seus olhos fitavam algo no chão daquele novo corredor.
— Hana, o que há? Você está bem? — Correu Tora na direção da garota, depois de se livrar dos escombros e pó que cobria seu corpo.
A garota nada respondeu. Apenas apontou com o olhar na direção daquilo que ela olhava e era a causa de seu pranto. Agora, já ao lado dela, Tora olhou e se deparou com uma mão decepada, coberta de sangue, na qual se podia ver, mais atentamente, um singelo anel dourado com algumas inscrições em relevo.
— Aquela mão... — Iniciou ela pausadamente, devido ao choro. — É daquele senhor que eu estava curando. Sei por conta do anel. Ele morreu sem ao menos ver a causa de sua morte. — Falou entristecida.
— Que cruel. Eles não hesitaram em nenhum momento em nos matar e levar conosco a vida daqueles operários que descansavam na enfermaria. Se para eliminar um mal maior é necessário sacrifícios, estes sacrifícios devem ser cometidos. É assim que eles pensam?! Isso é monstruoso. — Pensou sozinho, em sua mente, chocado com a brutalidade que presenciava. — Vamos Hana, temos que sair. — Disse ele, amparando sua amiga ajudando-a a levantar, já tentando elaborar em sua mente, uma rota de fuga para que posteriormente se encontrasse com seus outros companheiros.
— Isto não está certo. — Pensou alto, a garota.
— Veja aquela mão, Tora-kun. Éramos para estarmos assim como aquele homem. Decepados e mortos. Como conseguimos sobreviver àquela explosão e ainda transpor essa imensa parede de concreto? Isso não faz sentido algum.

Hana estava certa. Era humanamente impossível sobreviver a uma explosão tão grande e devastadora como a que demoliu o Setor C e assassinou todos os operários que nele descansavam e somente eles estarem vivos. Uma intervenção divina? Talvez...

...

— Essas técnicas me cansam muito. — Disse uma voz em meio a uma penumbra e vazio que fazia o dito ecoar livremente durante aquele espaço onde se podia ouvir o som durante longos segundos. — Espero que todos estejam bem. — Era Abacchi afinal, levantando-se dos escombros dos quais caíram, junto a ela, em um andar inferior e até então secreto a aquele que ela se localizava antes da detonação.
Ela olhava o local tentando se situar e entender onde havia caído, pelo jeito, sozinha.

— Então você usou de Honshitsu para salvar aqueles pirralhos?! Você não muda nunca, Abacchi. — Ecoou uma voz masculina no local enquanto tal sujeito se fazia ser visto ao passo que sua silhueta tornava-se mais vista devido a seus contidos, porém firmes passos que ressonavam igualmente a sua voz. — Desperdiçando sua vida em prol de vermes.

Tal Honshitsu que o sujeito dizia era uma energia, tão poderosa quanto o seikatsu — ou até mais — baseada na transformação da própria vida em energia — logo, quanto maior o uso desta energia especial mais sua vida será consumida, diminuindo sua longevidade. Tamanha era sua dificuldade em canalizar e dominar este poder, ele se tornou desconhecida e tão rara quanto a presença de algum Sahasrara no mundo.

— Então foi você? Eu já devia imaginar. — Acusou a mulher de o tal homem ser o causador da explosão repentina.
— Eu? Não. Embora eu já tivesse visto aqueles fatos, afinal eu escolhi vir até aqui, neste local, para encontrar-me com você, não fui eu o causador daquela explosão.
— Não posso vacilar diante deste homem. Suas premonições são sempre certeiras. Tenho que ser cuidadosa e não ser morta por ele. — Pensou ela, enquanto fitava continuamente o homem e tinha sua mente inundada de lembranças do passado.

— O causador daquela explosão, já que quer tanto saber, foi seu marido, o Shirotaka.
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeQui 20 Mar 2014, 22:43

Capítulo 20 - Cerco do Passado

Onze anos antes.

— Não tente me impedir, Daisuke! Meus olhos finalmente estão abertos; agora eu posso ver toda esta brutalidade, toda a carnificina que é cometida aqui. Eu não irei mais compactuar com isto.
— Eu sinto muito. Eu realmente ti admirava. Você, a Princesa Dourada do submundo, reconhecida em toda Metropolis como a Coordenadora Geral do coração desta cidade, minha superior — não, não apenas isto, a mulher que amo.

“Eu realmente me sinto confuso. Segundo minhas obrigações, eu deveria impedir esta mulher e mata-la. Mas meu coração diz o contrário. Meu corpo pulsa e minha mente lateja. Como ela consegue ter tanto domínio sobre mim?”

...

Atualmente.

Abacchi estava estarrecida. Olhava para aquele homem cuja face não lhe era estranha tentando entender o significado de tais palavras. Seria alguma mentira? Um jogo psicológico? Talvez.
— Eu percebo que você está confusa, Princesa Dourada.
— Não me chame por este nome. — Cortou rapidamente, Abacchi, a fala de Daisuke, tomando agora uma postura ereta e altiva diante do homem, fazendo-o esboçar um ligeiro sorriso no canto esquerdo da boca.
— Hehe... Você não mudou nada Abacchi. Irei ti explicar. Desde que você saiu de Avici, muita coisa mudou. Como vê agora eu ocupo o cargo que outrora foi seu, líder da Segurança de Avici. — Disse ele em um tom normal de voz, gabando-se embora em seu interior ele jamais gostasse de estar ocupando tal posição.
— Não me é espanto. Você sempre foi um excelente soldado, sempre astuto e consciente em suas lutas. Claro, graças ao seu poder. Porém isto não me interessa, não tenho mais nenhuma ligação com Avici. Explique o que acabou de dizer!
...

— Senhora, temos um novo chamado, uma nova revolta se instalou em todos os setores!
— Certo, comunique as tropas e cerque o Setor A imediatamente! Mantenha soldados em todos os corredores que se ligam a ele e não permitam que ninguém escape. Mande o Daisuke para o corredor de entrada 12 e que ele lidere as nossas forças por lá. Você vá para o Setor B e cuide das coisas lá. Estarei indo para o Limbo, onde os prisioneiros são mais perigosos. Repasse minhas ordens. Rápido! — Liderou Abacchi, que anos atrás, surpreendentemente era uma funcionária de Avici.
Talvez isto explique tamanho o conhecimento que ela detém sobre a fortaleza.

Avici encontrava-se naquele momento em crise. Praticamente todos os operários se organizaram em um motim jamais visto. Todo o sistema instalado no subterrâneo ameaçava ruir diante de tamanha revolta. Muitas lutas foram instauradas naquele dia. Mortes, truculência, sangue. Avici jamais foi a mesma depois de tamanho derramamento de vidas. Abacchi segui por uma passagem exclusiva que ligava sua sala, de onde coordenava toda a segurança daquele local, para o Limbo, que se localizava dezenas de metros abaixo de sua habitual mesa de operações. Rapidamente a mulher chegou — sozinha — a um enorme pátio que separava o Limbo do restante da fortaleza, deparando-se com um grupo de revoltosos que corriam em direção a ela — afinal o único modo de sair daquele lugar, era pegando o mesmo elevador pelo qual veio a mulher.

— Então você é o líder de tudo isso? Eu já devia imaginar, Nobunaga.
— Que má sorte a nossa, a Comandante veio justamente combater a nós. — Respondeu o homem, que era dono de imponente porte físico, mesmo sendo submetido diariamente à Avici, cabelos desgrenhados e uma roupa maltrapilha quase que em tom de ironia. — Eu irei segurá-la aqui; Kagutsuchi, leve ele e nossos outros companheiros para fora deste inferno. — Cochichou o homem para um de seus parceiros a poucos centímetros de si. — Estou confiando a vida dele em suas mãos. — Terminou ele em tom e olhar sérios, focado na mulher que se transpunha ao seu objetivo.
— Pensa que permitirei que escape? — Exasperou Abacchi chicoteando a perna de modo que liberou uma grande quantidade de energia moldada através do seu seikatsu.
Tal energia percorreu velozmente em direção ao grupo, contudo, sendo interceptada por uma enorme parede de terra criada por Nobunaga. Em seguida, o mesmo socou o ar com o punho direito, fazendo tal parede colossal, deslizar pelo chão indo de encontro à mulher.
— Tolo! — Disse ela ao canalizar seikatsu em sua mão, criando uma esfera grande o suficiente para englobar o punho, socando a parede fazendo-a despedaçar em milhares de micro fragmentos e poeira.
— Ainda não acabou! — Replicou o homem enquanto ele inacreditavelmente se colocava centímetros diante da mulher, sem que ela percebesse tal aproximação, agarrando e enlaçando seus braços longos e musculosos segurando pela cintura. — Diga adeus, Princesa Dourada. — Sussurrou ele sorrindo maliciosamente ao passo que sua seikatsu era agitada de tal forma que seu corpo começou a inflamar com chamas iniciadas no pé e que subiram pelo seu corpo de tal forma que em poucos segundos o corpo de ambos estivesse tomado por uma enorme labareda que iluminava todo o pátio — mostrando que nele nada havia — e tocava o teto carbonizando-o.
Aproveitando tal brecha, Kagutsuchi e os outros escaparam tangenciando as chamas e indo direto para o elevador — e sequentemente, a um corredor que desaguava no Setor A.

Nobunaga então percebeu uma grande concentração de seikatsu que vinha do corpo de Abacchi que crescia de forma latente que o obrigou a soltá-la assim que se deu conta do perigo que corria. Uma grande esfera se fez visível em volta do corpo da mulher. O seikatsu encontrava-se tão concentrado e denso, que desestabilizava toda aquela construção. O chão tremia.
— Impossível! — Mal teve ele tempo de pensar, criando uma enorme cápsula de terra em torno de si diante daquilo que assombrava seus olhos.
— Vejo que não devo subestimar você. Um Sahasrara, quem imaginaria que você fosse um. E que estivesse aqui, preso.

Assim que a voz suave da mulher não pode mais ser ouvida, todo aquele seikatsu expandiu-se miraculosamente, gerando grande explosão que seria capaz de destruir qualquer coisa que tocasse. Pouco sobrou da barreira protetora feita anteriormente por Nobunaga. A explosão corroeu aquelas espessas camadas de terra como se fosse papel. Atrás das pedras que resistiram bravamente àquele ataque, estava o homem, em frangalhos, ofegante e coberto pela fuligem gerada pela desintegração das rochas. Suas roupas, já maltratadas, agora estavam completamente rasgadas de forma que expunha à visão, seu extenso peitoral, coberto por um fino tapete de pelos, braços, abdome e parte das pernas.

— A senhorita não irá mesmo me deixar passar. Hahaha... — Ironizou ele gargalhando como se aquela situação não fosse tão tensa como realmente era.
— Você é um Sahasrara; com certeza é o mais perigoso de seu grupo, talvez o mais perigoso que Avici já abrigou em toda a sua história. Somente eu posso lutar de igual para igual com você. Seus companheiros serão abatidos por Daisuke e pelos outros seguranças por ele liderados. Vou por um fim aqui na sua vida, Nobunaga.
— Hehe... — Soltou ele uma breve risada espontânea. — Princesa Dourada do submundo, posso lhe perguntar uma coisa? — Disse ele displicentemente olhando para o chão enquanto sua inimiga liberava uma grande quantidade de seikatsu a ponto que todo seu corpo era coberto criando uma áurea dourada em torno de si criando um espetáculo visual jamais visto. — Você tem... — Iniciou ele sem esperar a resposta dela. — Alguém para... Proteger?

...

— E pensar que onze anos atrás, você e aquele homem estavam aqui, neste mesmo lugar, travando a luta que ficou marcada na memória de todos. A luta simbólica entre opressão e resistência. Entre Metropolis e a Revolução. — Citou Daisuke em seu tom habitual. — Como eu disse, foi Shirotaka o causador desta explosão. Depois que você fugiu de Avici, foi implantado o sistema de reconhecimento de seikatsu. Também foi inaugurado o bloqueio de seikatsu. Penso que você já deva ter percebido isso.
— Realmente. — Concordava ela mentalmente ao olhar para sua própria mão, trêmula. — Desde que entramos em Avici, eu não consigo liberar seikatsu. Quando fui conduzida para o Setor B, junto a Hana e Rizell, eu pude perceber. — Assim que pensava, a imagem se construía na mente da mulher. Sua intenção era ter detido Soyuma assim que teve oportunidade (quando ele distraiu-se para abrir o portão que separava o Setor A do B); contudo, ela estava incapacitada de tal ato.

— Revolucionários, assim que são enviados para cá, para passarem seus últimos dias na Terra no Limbo, tem seu seikatsu selado por essa fortaleza. Aquele seikatsu que ela reconhecer como ameaça será impedido de ser manipulado. Isso claro, é comandado por nós, a cúpula de segurança deste local. Mas é óbvio também que o sistema, para bloquear determinado seikatsu, precisa ter sido exposto a ele. Quando o sistema reconhece um seikatsu e seu dono não está devidamente aprisionado no Limbo, ocorre uma explosão generalizada com intuito de destruir tal pessoa. É como se o sistema reconhecesse que tivesse ocorrido uma fuga.
— Então você quer dizer que eu fui a causadora da explosão, afinal o meu seikatsu é o único que poderia ter sido reconhecido pelo sistema de selamento?!
— Engana-se. Eu disse que todo seikatsu reconhecido é obrigatoriamente selado. Porém nem todos estão programados para serem estopim de uma explosão como aquela. Para isso, é preciso que o sistema seja programado para isso, para cada seikatsu. Seu seikatsu não está programado para gerar detonação quando fosse reconhecido; ele apenas está programado para ser selado.
— O quê? — Disse Abacchi pasma, aparentemente ao entender o que se passava ali.
— Sim, o sistema explodiu o Setor C por que reconheceu o seikatsu de Shirotaka; ou devo dizer... Nobunaga.
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeQui 27 Mar 2014, 12:20

Capítulo 21 - Cerco do Passado - Parte II

“— O que? — Perguntava Abacchi estarrecida com a pergunta feita pelo homem, demonstrando ter sido mais afetada por ela do que o normal. — Que tipo de pergunta é essa? Não tente bancar uma de justiceiro para alçar misericórdia da minha parte. Irei ti deter como Líder de Avici, sendo você um prisioneiro deste local. — Cerrou ela.
— Eu perguntei se você tem alguém que deseja proteger a todo custo, com a própria vida; alguém que represente tudo pra você, sendo mais importante que o ar que você respira. — Replicou ele sem se importar com o que a mulher havia dito e com sua concentração de seikatsu que se chegava a níveis gigantescos.

Imediatamente Abacchi foi tomada por uma lembrança que oscilava entre pureza e doçura e uma densa amargura que fazia seu corpo tremer enquanto Nobunaga via a mulher mais vulnerável, agora cabisbaixa, confirmando sua suspeita.”


...

Abacchi estava sem entender. Como seria possível o sistema reconhecer a seikatsu de Shirotaka se ele nem ao menos acompanhava os Revolucionários na busca por Tohma?
— Pare de brincadeiras, Daisuke. Não há menor sentido nisso.
— O quê? Onde foi parar sua perspicácia Abacchi? Os anos a fizeram esclerosar? Eu penso que você sabe o quão raro é alguém nascer com seikatsu Sahasrara, não é? Naquela época, as pessoas diziam que Nobunaga, tsc, devo parar de chamar este homem por este nome... — Interrompeu-se ele. — Como eu dizia, na época em que você ainda era a Líder de Avici, toda Metropolis reconhecia Shirotaka como um enviado dos céus, um semideus, um enviado divino com a missão de expurgar toda a desigualdade, sofrimento e pobreza do povo de Metropolis. Um Messias salvador que capaz de enfrentar sozinho batalhões inteiros, dotado de habilidades descomunais e de uma honestidade e bondade tão grandiosas quanto. O falcão branco que paira sobre esta cidade amaldiçoada a fim de livrá-la de seu carma.

Abacchi continuava sem entender a que lugar Daisuke queria chegar com aquelas palavras. Talvez fosse o choque em reencontrar o antigo parceiro, ou ainda o uso de Honshitsu e seus efeitos colaterais, mas tudo era confuso para ela. Ao ver que a expressão de dúvida ainda não havia se desfeito no rosto da mulher, Daisuke suspirou e continuou:
— Como é o nome daquele pirralho que você trouxe mesmo? É Akira não é? — A face de Abacchi que segundos atrás era de incerteza agora era de incredulidade. Tudo agora fazia sentido, cada peça daquele quebra-cabeça estava encaixada. — Exato. — Falou Ooyamaneko percebendo a mudança de expressão dela. — O sistema reconheceu como sendo a seikatsu de Shirotaka, a seikatsu de Akira. Você pode pensar que não existe nenhum seikatsu igual a outro e está certa; porém qual a probabilidade de se existirem dois Sahasrara vivos em um mesmo local? É algo dito por muitos como impossível. Mesmo se tratando de um erro da máquina, foi um erro benéfico; não acho que aqueles pirralhos estejam todos vivos.

A incerteza se fez na mente de Abacchi. Mesmo que ela tivesse usado de meios para proteger os jovens, tal medida poderia não ser o suficiente para manter todos vivos diante de uma explosão tão destrutiva. Ao mesmo tempo em que Daisuke cessou sua fala, ele foi retirando de dois coldres de couro preto, um do lado esquerdo e outro do direito de seu quadril, duas pistolas prateadas feitas — como boa parte das máquinas e apetrechos em Avici — de kyoumeisen, o metal sensível a seikatsu.

— Chegou a hora de acabar com isso. — Disse ele sem demonstrar feição facial se não fosse a de indiferença, mirando na mulher e disparando um tiro de energia a base de seikatsu.
Abacchi velozmente desviou do disparo a queima-roupa, saltando e rolando pelo chão.
— Ninguém melhor do que você para usar um Dokushou tão elegante e primoroso. — Elogiou ele a adversária incapaz de evitar o tom sarcástico desta vez.
— Pare com esses elogios.
— Perdoe-me, fui incapaz de conter minha boca. Afinal, quem seria um melhor usuário de Dokushou que senão a própria criadora de tais técnicas?

Dokushou, o conjunto de técnicas corporais dominadas após anos de treinamento árduo. O treinamento consiste em amplificar as habilidades corporais de um guerreiro irrigando seu sistema locomotor com seikatsu, condicionando o corpo a uma capacidade sobre humana de reflexos, velocidade, força física, impulsão, precisão, entre outros atributos corporais. Depois de obter-se domínio nestas artes, o guerreiro pode usá-las sem acrescer seikatsu no corpo.

— Você pretende lutar comigo apenas usando dokushou? Neste tempo que passamos longe um do outro, eu fui capaz de dominar estas técnicas tão bem quando você. Acha mesmo que vai me vencer com isto? Ou vai diminuir ainda mais sua longevidade usando honshitsu? — Indagou ele enquanto disparava sucessivamente contra Abacchi fazendo-a se mover velozmente entre os tiros que se chocavam com a parede causando crateras nelas.

Ele pressionava-a cada vez mais. Ao disparar mais um tiro, fazendo a mulher usar sua eficiente evasiva, ele respondeu na mesma velocidade com Idou — ramo das técnicas do dokushou que visa aumentar a velocidade. Num piscar de olhos ele se colocou frente a frente a ela fazendo ela se deparar com os furos das pistolas, por onde irradiavam os disparos de energia, bem diante de seus olhos. Abacchi sentiu um arrepio percorrer toda a espinha e suas enervações. Engoliu seco e tornou-se pálida como uma vela. Sentiu — não pela primeira vez — a morte soprar-lhe o cangote.
— Que tédio lutar com você estando tão limitada. — Menosprezou ele, ainda mirando sua arma na cabeça da Revolucionária.
— Fléche d’spoir!
Era Abacchi tentando golpear a fonte do seikatsu de Daisuke com o mesmo ataque que deteve Mama Hachi. Contudo, desta vez ela falhou, haja vista que o homem esquivou-se apropriadamente.
— Hehe... mesmo em tais condições ainda torna-se perigosa. — Pensou Daisuke consigo. — Você não tem amor a sua própria vida? Usando honshitsu assim tão displicentemente. Está ciente que a cada golpe e quanto mais usa isto sua vida será cada vez mais encurtada? Seria desespero, por ver que não conseguirá me derrotar uma vez que seu seikatsu está selado?
— Sei muito bem os riscos que consistem no uso de honshitsu. Porém, quando uma de suas pernas torna-se incapaz de andar, deve-se aprender a equilibrar-se sobre apenas uma. — Ironizou ela fazendo-o ranger os dentes.

Ela então se afastou de Daisuke e começou a se mover em grande velocidade; de tal forma que mal podia ser vista por olhos comuns. Intervaladamente ela tocava o solo com a mão espalmada, triangulando-se em torno do homem. Ele por sua vez, desconhecendo tais movimentos e qual sua finalidade utilizou de seu poder que o fez ser conhecido como Ooyamaneko, o profeta de Avici. Parou-se imóvel. Fechou os olhos e concentrou seu seikatsu de tal modo que flashes foram sendo construídos na sua mente. Como sendo um quebra-cabeça, uma imagem foi se construindo conforme seu poder de concentração, tanto de seikatsu quanto mental, aumentava. Até que ele visualizou sua própria morte. A técnica de Abacchi consistia em criar um selo a base de honshitsu no solo que selaria a alma de Daisuke de modo que lhe restaria apenas a morte como opção.
— Que se abram as portas de Andrômeda. O guardião do tempo se faz presente. Os céus regem o passado, o presente e o futuro. A dama onisciente celebra e canta. Mirai O Yosoku Soru Gijutsu, Kai! — Recitou Daisuke calmamente enquanto Abacchi percebia que ele dizia o encantamento para ativar sua habilidade e corria para terminar o selo e lacrá-lo antes que ele pudesse inativar sua técnica.

Um piscar de olhos não é suficiente para descrever o quão rápido o homem se movera para um local distinto daquele enorme e vazio pátio, longe do selo armado por Abacchi.
— Droga. Agora que ele ativou isso, ele irá modificar o futuro conforme seu bel prazer. Uma vez que estivermos no raio de alcance do seikatsu dele, as coisas ficarão mais difíceis. — Disse Abacchi mentalmente.

...

“Abacchi lembrava-se de algo que não gostaria de recordar. Aquilo que ela enterrou no passado, lá deveria ficar. Pois era doloroso demais carregar isto consigo todos os dias. Uma barriga protuberante; um sentimento de renascença; um amor fraterno e incondicional que crescia cada vez mais dentro daquela mulher de traços tão delicados e puros. Era sua primeira gravidez.”
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeQui 03 Abr 2014, 15:08

Capítulo 22 - Ressentimentos

Eu era jovem; vivia com meu pai e levávamos uma vida, não tão confortável como queria, mas também não poderia me queixar diante da realidade que vejo todos os dias nesta cidade que assola tantas pessoas. Meu pai, Ruzirogashi Momo, sofria de uma doença degenerativa crônica que afetava o sistema locomotor. Quando ele era mais jovem ele compôs um dos primeiros esquadrões da Polícia Metropolitana, quando ela ainda estava a ser implantada em Metropolis. Segui seus passos e tornei-me uma militar cujo objetivo era garantir a segurança da cidade, ou melhor, da parte rica da mesma. Porém, tudo isto veio a mudar naquele dia.

Metropolis passava por um tempo de grande instabilidade, os ricos aprovaram leis que consolidava seu estilo de vida em detrimento das condições de vida dos mais pobres, eles foram obrigados a se mudarem para a periferia, enquanto foi construída a Acrópole que abrigaria apenas quem pudesse pagar por ela. Além disso, ficou firmado que apenas os pobres deveriam trabalhar em Avici e que cada pessoa, além de pagar uma taxa tributária abusiva deveria ceder certas quantidades de seikatsu diariamente em postos feitos exclusivamente para esta função. O clima de revolta tomou toda a cidade. Um grupo recém-formado assombrava a Polícia e criava esperança nos corações dos menos favorecidos que algum dia aquela realidade mudaria. Eram os Revolucionários. Eles cresciam de forma muito veloz, de tal forma que se não combatidos imediatamente, tornaria impossível controla-los. Uma grande luta se instaurou na cidade. Muita destruição, mortes, vidas perdidas, tanto de combatentes quando de gente que nada tinha a ver com a luta.

Eu, com outros companheiros, lutávamos no Distrito 09 — área que por sinal ficava bem próxima de minha casa — contra os arruaceiros. De repente, pode-se ver uma explosão que cobriu o céu de fuligem e fogo. Ao ver aquilo, meu coração disparou e veio à boca. Corri como se minha vida dependesse disso; deixei displicentemente àquela luta e fazia de tudo para chegar àquele local. Alguns minutos de corrida me fez ver o que eu tentava não imaginar. A explosão veio mesmo bem próxima a minha casa, onde repousava meu pai. Naquele dia, antes de eu sair para lutar, ele tinha tido uma crise grave, mais forte que as anteriores, os remédios já não eram suficientes e não tínhamos condições de pagar por um tratamento tão caro que tal doença exigia.

— Vamos sair daqui! — Gritou um sujeito qualquer que se encontrava a metros da casa de Abacchi.
— Revolucionários; o que eles fazem aqui? — Questionou-se ela.
De repente, do meio das chamas da explosão, pode-se ver uma silhueta que caminhava, com grande dificuldade em direção ao grupo de Revolucionários que ali se localizava.
— Vou expurgar todos esses vermes daqui. — Disse o homem nas chamas.
Tal homem então atacou com fogo todos do grupo.
— O que é isso? É um Policial? Detenham ele...
O homem fez nascer do chão fogo suficiente para carbonizar todos os Revolucionários, que se encontravam em um número de seis homens.
— Papai, não faça isso! Você não pode! — Gritou Abacchi, ao perceber que o causador de tais chamas incandescentes era na verdade seu pai.
Uma lâmina cruzava o peito; o sangue e o metal refletia a luz vermelha do fogo e daquele cenário de guerra. Sentimentos dilacerados.
— Papai!!!!! —Gritou Abacchi incrédula ao ver uma espada atravessar o peito de seu pai fazendo ele cuspir sangue.
Não se entregando ao ferimento, a dor e a sua doença o homem segurou com afinco na espada do inimigo, cortando a pele ao menor toque.
— Não vou permitir que vermes como vocês saiam vivos... Morram comigo! Adeus Abacchi... — Disse ele agora dirigindo o olhar para sua adorável filha, como se já tivesse a notado a algum tempo. — Eu finalmente poderei ti deixar livre... de um fardo velho... como eu. — Falou ele pausadamente com grande esforço abrindo um sorriso para sua filha. — Vou cumprir meu dever... como Policial e levar estes aqui... siga sua vida e faça aquilo que você sabe que orgulharia seu velho pai. Eu te a... — Antes que ele pudesse terminar sua frase, o corpo do homem explodira mal sobrando restos de suas vísceras, jorrando sangue para quatro cantos daquele local.
— Eu sinto muito, mas não vou permitir que você faça algum mal aos meus companheiros. — Disse o dono da espada que executou o Policial aposentado com sua habilidade Manipura.

Abacchi estava inconsolável. Ao mesmo que sentia grande tristeza sentia cólera tão grande quanto. Suas lágrimas escorriam sem parar e simbolizavam todos seus sentimentos. Ao mesmo tempo em que as gotas de seu choro pingavam no chão, ela dava passos lentos e a primeira vista desnorteados. De repente ela correu em direção ao homem que matou seu pai com um instinto assassino e vingador. Ela então desferiu um chute veloz que serviu como propulsor para uma grande energia irradiada de sua perna desferida contra o homem.

O homem cortou a energia com sua espada bifurcando-a antes que ela pudesse colidir com seu corpo tangenciando e chocando contra o chão provocando uma grande explosão enérgica. Sem que o mesmo pudesse perceber, ela aproximou do Revolucionário socando com uma grande quantidade de energia concentrada nas mãos de modo assassino. O corpo do homem, porém, no local que foi atingido, tornou-se fogo, inutilizando o ataque da mulher. Imediatamente após, Abacchi sentiu uma grande pontada; uma dor que iniciara no ventre e irradiava para todo seu corpo imobilizando-a e fazendo a mulher cair de tamanha dor. Um sangramento já podia ser visto; tratava-se de um aborto espontâneo.
Não era de se espantar, depois de grande trauma, ao ver seu pai amado falecer de modo tão brutal na sua frente e de um dia de luta e grande uso de seikatsu Abacchi — que até então se encontrava entre o quarto e quinto mês de gestação — não pode resistir a tal sucessão de eventos normalmente.
— O que é isso? — Disse o homem estranhando o comportamento da mulher, demonstrando certa preocupação. — Você está bem? — Continuou ele simultaneamente enquanto agachava e tocava com sua mão direita sobre o ombro da mulher caída ao chão que se contorcia de dor. — O que? Chamem um médico ela está sangrando...
— Mas Torume-san, ela estava querendo nos matar, vamos ajuda-la mesmo assim? Além do mais ela é da Polícia. — Disse um dos companheiros do homem que acabara de se levantar depois da derrota sofrida para Momo.
— Não seja idiota, não tenho nada contra esta mulher. Lutamos contra o homem por que ele queria nos matar apenas por sermos Revolucionários, é diferente.

Contudo a ajuda veio a tardar. Quando esta chegou, o aborto já havia se concluído; o filho que Abacchi esperava com tanto amor já não se fazia presente neste plano.

— Meu filho... Eu sinto muito. Acho que não pude ser a mãe que eu esperava ser... Não consegui ti trazer a vida. Eu lutei por você, eu fiz o que eu pude; você me mostrou que o amor era tudo que precisava, mas os céus não puderam esperar por você. Então vá, volte para casa.


...

— Esta é minha vida. Ele era o alguém que eu gostaria de proteger. Porém ele foi roubado de mim. Como pode me pedir compreensão depois disso? Minha razão de viver não está mais viva!
— Eu entendo que você esteja ressentida e amargurada, contudo você já parou para pensar que não és a única que perde entes queridos nessa luta? Acorde, estamos em guerra. Eu mesmo, já perdi muitos companheiros de luta, familiares, amigos. É o que acontece em um lugar sem esperança como esta cidade. — Explicou Nobunaga que agora dialogava com Abacchi tentando persuadi-la em deixa-lo passar e continuar sua luta. — Eu também tenho pessoas que quero proteger, mas como eu farei isto nesta cidade onde todos nós somos agredidos diariamente por esta realidade? Por que temos que viver assim, em meio ao caos onde todos se odeiam e querem matar uns aos outros? Por que não podemos viver em paz e igualdade? Por que as pessoas têm que morrer assim como seu pai e seu filho? — Continuou ele de modo que a dúvida se instaurou na face da mulher.

Faça aquilo que você sabe que orgulharia seu velho pai.Tal lembrança não saia da mente de Abacchi naquele momento. Criava ciclos infinitos onde ela recordava aquela noite e tragédia...
Repentinamente sua expressão mudou; incerteza tornou-se determinação. Sua decisão estava tomada e Nobunaga percebeu isto. Esperou pacientemente para ouvir que a mulher tinha a dizer.
— Durante todo este tempo eu estive lutando e combatendo estes Revolucionários tendo em mente que isso era o que meu pai queria. O certo a fazer, que eles são os culpados por esta luta e por todas essas mortes. Na verdade meu coração esteve, desde então, encharcado de rancor e amargura e foi cegado por estes sentimentos e amarras. Mas eu também sei que toda esta luta possui um motivo: melhorar a vida de todos, assim como eu almejava quando jovem uma vida melhor para cuidar de meu velho pai em seu fim de vida e meu filho que nasceria. Eu vejo que se eu não lutar agora para mudar esta realidade, eu estaria renegando tudo aquilo que almejei para minha vida; não estaria honrando meu pai e meu filho. Para honrá-los eu não devo eliminar todos vocês e sim eliminar toda esta desigualdade e podridão que foi a verdadeira causa da morte deles. Nobunaga Nonukezu eu estarei a partir de agora, ao seu lado! Por favor, me ajude a fazer deste mundo o lugar ideal que eu imaginei ser o melhor lugar para meu filho crescer! — Terminou ela seu discurso em prantos incessantes e sinceros de braços abertos para arcar com tudo que esta decisão acarretaria, fazendo o homem sorrir e dizendo sua resposta apenas com este ato.

— Abacchi-sama, por favor, me diga que isto não é verdade.
Era Daisuke que ouvira tudo que foi dito pela sua chefa, incrédulo e de certo modo, furioso.
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeQui 10 Abr 2014, 12:46

Capítulo 23 - Ressentimentos - Parte II

Explosões podiam ser ouvidas e sentidas em toda extensão de Avici. Mesmo a fortaleza apresentando uma resistência custeada com as mais modernas técnicas de engenharia existentes a batalha naquele vazio onde se encontravam Abacchi e Daisuke ressonavam por toda fortaleza. O imenso pátio servia como uma membrana que separava os Setores A, B e C do Limbo, sendo este último o verdadeiro sentido daquele colosso. Aquele setor intermediário estruturava-se da seguinte maneira: suas paredes eram todas reforçadas com seikatsu que criava um eficiente sistema isolante que impedia qualquer rastreamento do que havia metros abaixo; nele, havia apenas uma imensa pilastra que sustentava todo o peso dos andares superiores e do solo na qual dentro dela, também corria grande quantidade de seikatsu que por sua vez criava um ciclo infinito, percorrendo em alta velocidade, um circuito que englobava as paredes e o pilar. Era assim que o que havia em cima não desabava sobre o que havia embaixo.

— Está mais difícil que eu pensava. Maldito Daisuke, de lá para cá você se tornou mais forte. — Pensava Abacchi ofegante depois de esquivar de sucessivos disparos feitos pelo homem.
— Ainda não acabou! — Exclamou o homem aproximando de sua ex-chefe com seu Idou e apontando sua pistola para ela disparando a queima-roupa.

Abacchi mesmo tão pressionada conseguiu escapar mais uma vez do ataque feito pelo inimigo.
— Por que não está usando aquilo? Está se poupando? — Incisou ela.
— Na verdade não. Eu previ isso. Só que preferi não intervir e reescrever o futuro. — Respondeu ele.
O poder de Daisuke era senão talvez o mais complexo que já se viu em Metropolis. Após recitar o encantamento, ele poderia ver flashes do futuro e desta forma buscar modifica-lo. Isto era feito basicamente com o advento de sua seikatsu desmaterializar a realidade e criar outra a partir da vontade do homem. Tudo que estiver sendo tocado pela seikatsu do chefe de segurança de Avici, seria transportado para uma dimensão ilusória localizada em sua mente onde apenas ele possui consciência.

Abacchi concentrou-se e liberou uma imensa rajada de energia catalisada a partir de sua honshitsu. Daisuke preparou-se para usar seu poder. Emanou sua seikatsu a fim de ocupar uma vasta área incluindo a mulher e seu ataque em seu raio de alcance. Imediatamente Abacchi foi colocada em um estado de dormência na qual sua consciência ficou submergida bem como estivesse em coma. Daisuke então sobrepôs sobre aquela cena uma nova outra, criada a partir de sua mente e vontade. O ataque da mulher havia sido ricocheteado para os lados seguido pelo “acordar” de sua consciência.
— Não desapareceu? — Pensou ele olhando para os lados e vendo a explosão causada pelo ataque da Revolucionária intrigado com o que via.
Assim que a viu, Abacchi esboçou um ligeiro sorriso.

...

— Abacchi-sama, se você irá trair Avici e se aliar a este homem, eu irei impedi-los aqui e agora!
— Não seja tolo Daisuke, acha que tem poder para enfrentar a nós dois?
— Darei minha vida por isso!
Sincronizado a fala de homem — que nesta ocasião era bem mais jovem — Shirotaka desferiu uma poderosa onda aquática que seguiu violenta contra o corpo de Daisuke. Usando mão de seu poder toda aquela quantidade colossal de água desapareceu e o funcionário de Avici surgiu inacreditavelmente diante dos olhos de Shirotaka, que em um ato de puro reflexo encouraçou seu corpo com pedregulhos e rochas como forma de defesa para o disparo iminente do inimigo.
— Daisuke, pare de usar este poder. Você sabe que é arriscado demais. — Alertou Abacchi, que agora mesmo estando em um lado oposto ao de seu subordinado, demonstrava preocupação com ele.
— Abacchi-sama, por que faz isso? Eu, do fundo do meu coração, sempre ti admirei e almejei estar ao seu lado sempre, para lhe proteger de todo o mal; se possível daria minha vida para que a sua fosse salva. Eu morreria feliz. Todo amor e admiração que sinto estão se esvaindo de minhas mãos de tal forma que não consigo segurá-los. Você sabe o que é isto? — Perguntou ele que já se encontrava em prantos diante de tamanha decepção.
— Eu entendo Daisuke; durante muito tempo, eu permiti que o amor que eu sentia pelo meu pai e meu filho escorresse e fosse substituído por rancores e mágoas. Porém, eu não posso corresponder a esse seu amor. Meu coração já é ocupado por outro alguém, o meu salvador.

...

— Daisuke, você conseguiu superar seu passado? — Perguntou Abacchi de modo que mais parecia que estava a fim de provocar seu antigo companheiro.
— O que? Que tipo de pergunta é essa? — Respondeu ele tentando transparecer indiferença.
— Eu vejo; vejo que você ainda está amarrado em correntes do passado, se fechando e reprimindo sua vida em prol de um trauma sofrido. Se amargurando e encasulando em tristeza e dor. Estou certa?
Daisuke nada respondeu; apenas ouviu assombrado com cada palavra dita por ela, que por mais que ele não quisesse, era um retrato perfeito de seu eu atual.
— Não há como viver em tamanho sofrimento, Daisuke. Supere seu passado e viva sem temer os próximos dias, vá em busca da felicidade que você deixou escapar durante todos esses dias. — Terminou ela enquanto a face de Daisuke mudava completamente.
Sincronicamente as palavras ditas, Abacchi liberou uma grande quantidade de energia honshitsu. Aproveitando-se do abalo emocional de Daisuke, ela criou em torno dele e de si mesma, uma bolha impermeável de energia.
— Chegou a hora de por um fim nisso, Daisuke.

...

Daisuke encontrava-se exausto. Shirotaka e Abacchi o haviam levado a exaustão. Mesmo sendo um poder formidável e assustador, havia riscos em usá-lo tão indiscriminadamente. Além da grande quantidade de seikatsu gasto em sobrepor a realidade com outra nova criada em outra dimensão, gerava grande desgaste físico e mental. O homem também deveria seguir alguns requisitos: primeiro, ele deveria memorizar toda a área que estiver em contato com sua seikatsu; os objetos, chão, teto e outros minuciosidades do ambiente. Ele também não poderia reconstruir a realidade interferindo em corpos alheios ao dele. Desta forma a sobreposição das realidades deveria funcionar como um jogo de sete erros. O funcionário de Avici ainda deveria elaborar mentalmente a nova realidade em um curto prazo de apenas três segundos. Qualquer modificação que não estivesse listada nas condições fundamentais, acarretaria na destruição do corpo de Daisuke que recebia todo o dano do choque de dimensões.

— Por que? Por que não consigo derrotar vocês? Por que estou deixando meu verdadeiro amor partir assim? — Perguntava para si mesmo, em voz alta, Daisuke, caindo sobre seus joelhos.
— Mesmo que você tente mudar o futuro, você não mudará minha fé. Deixe-nos passar Daisuke senão teremos que ser drásticos. — Disse Abacchi firme.
Naquele momento, com Abacchi diante de si, Daisuke teve uma forte visão; via Abacchi e Shirotaka juntos, livres e fora de Avici, concluindo sua fuga. Daisuke abaixou sua cabeça e sem responder ao dito por Abacchi, permitiu passivamente a passagem dos dois enquanto lamentava seu fracasso. De fato, aquela previsão se confirmara.

...

Um corpo caia ao chão de joelhos.
Depois de criar tais bolhas de honshitsu, Abacchi concentrou energia suficiente de tal forma que ao socar o homem impediu de ele gerar qualquer seikatsu. Seu corpo imobilizara com a potência do ataque, ainda mais poderoso que aquele aplicado em Mama Hachi.
— Me perdoe Daisuke, mas eu preciso partir; não posso ser detida por você e abandonar a causa que me trouxe aqui. Eu sinto muito por tudo aquilo que ti causei, mas espero que você consiga encontrar seu verdadeiro caminho.
— Heheh... É como daquela vez. Desde antes eu chegar aqui, eu já havia previsto que você conseguiria atingir seu objetivo. Que iria me transpassar mais uma vez. — Disse ele de cabeça baixa enquanto sorria da situação irônica que o destino lhe proporcionava mais uma vez. — Vá. — Terminou ele, fazendo-a esboçar um sorriso ao entender que agora Daisuke estava curado dos males que o assolava.

— Obrigado Abacchi-sama, mesmo nestas circunstâncias você conseguiu mostrar-me meu futuro melhor do que eu faria com minhas previsões. A partir de agora, estou partindo em direção a ele, sem olhar para trás.
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeQui 17 Abr 2014, 17:00

Capítulo 24 - Ichitaro

— Mas no que a Polícia está pensando? Pedimos reforço e eles mandam esse pirralho?

Avici encontrava-se imergida no caos; todos os operários rebelaram e agora lutavam contra sua rotina de opressão. Os funcionários se viam pressionados contra aquele imenso contingente de rebeldes que vandalizava a fortaleza e tentava escapar às custas de paus e pedras. Tudo havia se tornado uma imensa praça vermelha, não só pelo extremismo das ações vistas ali, mas também pelo sangue que constantemente era derramado com aquelas lutas atrozes. Diante de tamanha rebelião, os seguranças de Avici foram forçados a pedir ajuda externa para a Polícia Metropolitana.

Era a primeira vez que ele colocava os pés em Avici; Seu corpo, alto, de pele tão clara que proporcionava a visão dos vasos sanguíneos subcutâneos, vestido de trajes comuns e tradicionais da Polícia Metropolitana — uma jaqueta e calça bem alinhadas, de cunho militar, que apresentavam grande variedade de botões e zípers oferecendo uma aparência metalizada a figura do jovem. Calçava ainda coturnos típicos e pretos feitos em couro fosco. Por cima de tudo, ostentava uma longa capa que descia até a beira dos calcanhares, que cobria todo o corpo e impossibilitava a visão do corpo do rapaz como um todo. Mais parecia uma vestimenta feita para se proteger de dias chuvosos. Sua face apresentava simetria sem igual. Seus cabelos alvos, que diante da luz mais pareciam feitos da mais pura prata, era o que mais se destacava. Este era Ichitaro.

O jovem no auge de 21 anos, sempre foi reconhecido pela sua perícia e êxito em suas missões, quanto policial subordinado à Sasui, líder do grupo de Operações Especiais da Polícia de Metropolis. Um soldado de extrema confiança, fiel a sua causa.

— Ichitaro-dono, então é você que liderará as tropas da Polícia que veio nos ajudar? — Perguntou um funcionário qualquer, um pouco desnorteado.
Aos poucos uma suave neblina escarlate cobriu todo o Setor A. Ichitaro, mal deu ouvidos ao homem que lhe abordara e seguiu caminhando, cruzando aquele imenso local, onde mais parecia estar indo em alguma direção predeterminada. Todo aquele sangue no chão, que já havia sido derramado pelas lutas e combates calorosos ali realizados, evaporara estimulado pela seikatsu do recém-chegado, criando um vapor tóxico que gradualmente levou todos ali presentes, com exceção do próprio, a um sono forçado. Todos desmaiaram.

A outrora agitação deu lugar a um brutal silêncio onde somente se podia ouvir o borracha da sola rangendo contra o piso, em um caminhar lento e compassado, sem olhar para trás, em direção a outro foco de rebeldia.

...


— Tora-kun, você consegue senti-los? — Perguntava Hana, correndo junto a seu parceiro em busca de uma saída que os levassem de encontro a seus companheiros depois daquela arapuca que os separara.
— Está difícil mas pelo pouco que consigo visualizar, Yusuke, Rizell, Tron e Kaiena-san estão juntos; consigo senti-los mesmo que de maneira bem deficiente. Em compensação não há nenhum sinal de Akira e Abacchi-san. — Respondeu Tora cerrando os olhos, pensando na pior das possibilidades. — Vamos nos apressar.

Tora e Hana correram por aquele corredor como se suas vidas dependessem daquilo. Seguiram cruzando aquela passagem, que diferenciava das demais que eles percorreram anteriormente. A falta de iluminação era o fator mais perceptível. Os canos e tubulações apresentavam aspectos envelhecidos e desgastados. Alguns apresentavam lascas consideráveis e até mesmo remendos feitos por improviso e que posteriormente não foram reparados como devia, deixando ainda mais um ar de precariedade no túnel; oxidação também se fazia presente em toda a extensão do corredor.
Abruptamente, Tora e Hana cessaram sua corrida. Os dois haviam chegado a um galpão escuro, espaçoso na qual podia ver, somente com algum esforço, enormes jaulas dispostas em sequência uma das outras, separadas por um espaço vazio central de tal maneira que ficassem paralelamente separadas em lado direito e esquerdo. Aparentemente aquele lugar não possuía uma saída senão aquela que os dois Revolucionários cruzaram para entrar no novo ambiente.
— Hohohoho vejo que tenho visitantes. — Disse uma voz na completa escuridão do local. — Meus bichinhos poderão brincar finalmente.

...


Ichitaro seguia seu caminho por Avici. Sempre por onde passava abatia revoltosos com extrema facilidade. Aqueles que ousaram atentar contra sua integridade foram derrotados sem clemência. Uma vereda vermelha de sangue o acompanhava.
— Bando de vermes insolentes. — Disse ele sem ao menos olhar para seus alvos, agora nocauteados, mantendo o foco em seu kuroi match, onde analisava a planta e outras minucias de Avici.

Foi quando o jovem se deparou com a figura de Mama Hacchi. A mulher que anteriormente foi derrotada por Abacchi, Rizell e Hana tentava, sem sucesso, controlar a situação no Setor B.
— Não pode ser! O que você faz aqui? — Perguntou ela incrédula e fadigada ainda por não ter-se recuperado da luta anterior.
Ichitaro olhou a mulher de cima a baixo. Por mais que fosse de sua vontade por abaixo tal mulher insólita, o rapaz se manteve firme olhando fixamente para os olhos da coordenadora daquele setor e controlou seu impulso, afinal, estavam os dois do mesmo lado da balança. Na verdade toda aquela cena nada mais era de que um exercício maçante para Ichitaro. Acostumado a situações de vida ou morte e missões de alto risco e complexidade ser mandado a Avici para controlar revoltosos parecia, para si, uma desonra sem tamanho. Entretanto, sua disciplina e fervor em defender os ideais da Polícia Metropolitana o fazia superar tal sentimento.
— Estou aqui para resolver aquilo que esta fortaleza não tem competência para realizar. — Respondeu ele secamente ultrapassando a mulher não querendo prolongar o que seria um diálogo tolo.

Ichitaro seguia sobrepujando a tudo e a todos que se colocavam diante de si. Ainda que algo o intrigara em seu kuroi match ele seguia derrotando os revoltosos e controlando a rebelião.

...


— Mas o que aconteceu? Minha cabeça dói.
Era Akira que se levantava depois de sofrer grande impacto que combalia seu corpo. Lentamente o garoto se levantava e percebia que estava sozinho. A explosão do Setor C foi tão forte que o Revolucionário — que no momento da detonação, encontrava-se ligeiramente próximo a saída/entrada daquele salão — foi jogado a metros de distância, corredor adentro. Corredor este que eles cruzaram antes de chegar ao palco de sua separação. Aquele mesmo que serviu de coliseu para sua luta contra Paykan.
Já de pé, Akira observava sobre sua pele uma fina camada de energia cintilava e lhe dava uma sensação de ternura e afago. Ao passo que sua consciência foi retornando, aquela energia foi lentamente se esvaindo transformando em vitalidade levando embora toda dor e ferimentos que havia no corpo do jovem.
— Abacchi-san...

Akira não tinha tempo a perder. Tentou, sem sucesso, mover toda a pilha de detritos que obstruía sua passagem. Sem hesitar ele correu por aquele túnel buscando encontrar um novo caminho para que se encontrar com seus companheiros.
— Vocês não vão conseguir nos separar. — Pensava ele irado cerrando os punhos ao cogitar a pior das possibilidades. — Pessoal, espere eu estou indo!

Inerte em toda aquela confusão de sentimentos, Akira seguia instintivamente por aquelas dezenas de ramificações de túneis enraizados para todas as direções. De repente, tornou-se possível ver uma figura no topo de uma pequena sequência de degraus.
— O quê?

— Finalmente te encontrei, Sahasrara.
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MensagemAssunto: Re: [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis [Fantasia/ Ficção/ Shounen] Metropolis Icon_minitimeSex 25 Abr 2014, 12:01

Capítulo 25 - A Névoa Sangrenta


Uma névoa se propagava por aquele local. Lentamente podia-se sentir um cheiro ferrífero e um tom avermelhado distinguia dos tons das paredes, chão e teto. Um presságio mortífero que rodeava aquele vulto como se ele fosse um mensageiro mortal pronto para entregar a Morfeu a existência de Akira e coloca-lo em um sono profundo e infinito.

De repente, o vulto saltou da plataforma que se localizava de forma que ele pode se observado a centímetros do corpo do jovem Revolucionário. Rapidamente um ataque cortante foi lançado buscando ferir a integridade do jovem que astutamente rolou pelo chão se evadindo do ataque. Sem se abater, o vulto assim como antes se movera velozmente onde desta vez podia ser visto ele carregando uma pequena lâmina com a mão direita segurada de forma que somada a extensão do braço criava a figura de uma lança poderosa. Akira por sua vez, buscou lançar uma imensa labareda com objetivo de defender-se e atacar ao mesmo tempo, falhando, uma vez que seu seikatsu encontrava-se bloqueado pelo sistema de defesa de Avici. Ao canalizá-lo, sentiu correr nos nervos uma corrente elétrica doída que estremecia seu corpo e seu espírito. Indefeso, nada mais restou do que tentar desviar do golpe que vinha em sua direção, buscando não ser atingido em um órgão vital. A lâmina acobreada rasgava Akira sem pudor, numa localidade que triangulava entre o ombro, a clavícula e seu peitoral. O fluido escarlate já podia ser visto na roupa do jovem.

— Quem é você? Por que diabos está me atacando?
— Que pergunta tola, você invade Avici e quer sair impune? Sou Ichitaro, membro da Policia Metropolitana, enviado especial para conter a baderna causada por sua presença aqui. — Respondeu ele friamente retirando seu punhal impiedosamente causando uma expressão de dor na face de Akira. — Meu Idou não é dos mais desenvolvidos e você ainda sim não pode se defender; me questiono se você é mesmo aquele que tanto falam. — Pensou ele desta vez.

Ichitaro não brincava em serviço. Não construíra fama atoa. Vendo a incapacidade de Akira, ele tratou logo de derrota-lo e partir para seu próximo objetivo, pondo um fim àquela invasão. Sem dizer ou esboçar nenhuma feição Ichitaro lançou seu golpe que submetia Akira a dezenas de cortes, uns superficiais e outros nem tanto, obrigando o jovem a cair de joelhos perante a dor e a sangria desmaiando diante aquela força, que naquele momento, não podia ser combatida. O Revolucionário agonizava em dor e sangue. Eram tantas feridas abertas que mal podiam ser contadas. Rosto, braços, peitoral, abdome, pernas, costas. Tudo era lentamente coberto por uma fina película carmesim; uma armadura de morte e terror. Sua respiração ficava cada vez mais difícil e a visão mais turva. Sua consciência dava sinais de esgotamento; o desmaio estava próximo. Ainda sim tentava levantar seu rosto para ver, mais uma vez, a face daquele que o abatera. Seus olhos fechavam lentamente impedindo uma visualização límpida do ambiente. Então eles se fecharam. Já caído e inconsciente, as vestes do mesmo se avermelhavam de modo que era visível uma hemorragia sem igual em que inundava o chão com o sangue do garoto.

— Patético. — Disse Ichitaro de pé sobre o corpo de Akira olhando para sua vítima, friamente, convencido de que a vida do mesmo iria esvair rapidamente dali em diante, o que tornava desnecessário um golpe de misericórdia. O jovem Policial também cogitara a possiblidade de Akira ser encontrado ainda vivo por outros seguranças e ser enviado para o Limbo ou finalmente ser eliminado.

Depois disso, o gélido homem seguiu seu caminho até que a névoa que sempre o acompanha não pudesse mais ser vista naquele local.

...

Feras ronronavam e rugiam. Um riso estridente consoava juntamente àquele som animalesco criando uma aura dantesca e terrificante. Um arrepio subia pelas costas de Hana até atingir a nuca de modo que obrigava a moça a colocar seus braços a frente de seu corpo como meio de defesa, mesmo que isso não pudesse resguardá-la daquilo que viria pela frente. Metais rangiam: eram as jaulas que abriam conforme comando do sujeito que ali se localizava. De repente uma luz intensa invadiu o local; Hana e Tora puderam ver várias criaturas horrendas de aparência tão monstruosa que mal podiam ser identificadas que os fizeram gelar a espinha graças a tamanho choque. Com isso também era revelada a identidade do vulto: do sexo masculino, um homem com torso desenvolvido, ombros largos e braços musculosos e compridos. Seu aspecto superior destoava de suas pernas finas que eram grotescamente separadas do resto do corpo por um cinto preto, com uma fivela chamativa dourada. O mesmo ainda circundava uma barriga saliente que saltava sobre aquela fita de couro fosco que já se apresentava gasto pelo tempo. Vestia um terrível collant circense de cor berrante e ostentava botas platinadas de modo que aparentavam ser feitas de material luminescente tamanha era sua capacidade de refletir a luz emitida no teto do local. O senhor — afinal era visível que o homem já tivesse ultrapassado os 50 — ainda possuía um bigode, grisalho, que escondia sua boca devido ao comprimento avantajado dos pelos. Este era Mr. Magoo.

— Vejo que vocês são os baderneiros que tanto falam. Vou eliminar vocês agora. Hohoho — Disse o homem que parecia ultrapassar os dois metros de altura.
Lentamente, porém de maneira firme, ele puxou, de uma espécie de compartimento especial que continha seu collant, um pequenino bastão tão espalhafatoso quanto a figura do homem. Rapidamente pode-se ver um filete de energia que saia do topo do bastonete, que era pouco maior que a mão de Magoo, formando uma espécie de chicote feito à seikatsu.

De repente, uma de suas criaturas monstruosas, saltou contra Hana e Tora, obrigando-os a esquivarem e se separarem para inutilizar a caçada da fera.
— A garotinha primeiro. — Disse ele agitando a chibata enquanto se via o monstro mudando sua trajetória e indo atrás de Hana com instintos assassinos.
Sem nenhuma reação, o monstro — que tinha a aparência de um enorme felino, que ostentava metros e metros de corpulência e caninos tão grandes que mal podiam ser mantidos dentro de sua feroz mandíbula — foi jogado contra as grades da jaula violentamente, graças a um potente chute desferido por Tora.
— Hakai? — Pensou o homem já gasto pelo tempo ao ver o poder do chute do Revolucionário que nocauteara seu pet.

Hakai, a exemplo do Idou, era uma das três técnicas do Dokushou que visa amplificar habilidades corporais. Força física e velocidade, respectivamente.

O homem não hesitou e balançando seu chicote constantemente, ordenou novas feras que atacaram os dois jovens. Atacou primeiramente com uma serpente, tão grande quanto o primeiro animal abatido; a cobra, voraz, serpenteou pelo local abrindo sua bocarra revelando suas presas inoculadoras prontas para liberar seu veneno. Tora colocou-se a frente de Hana pronto para atacar o ser medonho e protege-la.
— Você e o Akira-kun possuem uma relação muito forte; eu não vou deixar que a namorada dele se machuque na minha presença. — Cochichou em abrindo um ligeiro sorriso.
O animal veio e ele de modo impressionante e hábil segurou a bocarra impedindo o bote.
— Há outro! — Exclamou Hana ao perceber que um segundo monstro, desta vez um touro bípede que ostentava metros de altura, se aproximava.
Tora irrigou os músculos de seikatsu para conseguir uma força ainda maior. Levantou a grande serpente do chão e a jogou contra o Minotauro.

— Tora-kun, não podemos com isso, temos que fugir imediatamente! — Gritou Hana, pessimista, visualizando a situação em que estava.
— Hana! — Desta vez quem berrou foi Tora. — Ele me distraiu com aqueles dois bichos, mas o verdadeiro alvo era a Hana? — Pensou ele antes de, instintivamente, colocar-se na frente de Hana.

Desta vez, uma criatura horrenda, bípede, que mais parecia uma fusão de um humano e um canino gigante qualquer, que gozava de braços tão longos que quase tocavam ao chão, quando este estivesse de pé. Suas mãos — ou talvez devessem ser chamadas de patas — eram tão desproporcionais quanto seus membros superiores. Ainda podiam ser uma pele acinzentada e mórbida a ponto de se pensar que aquele monstro estivesse putrefato. Exalava um odor de sangue e carnificina e de sua boca escorria uma baba viscosa e fétida.

O monstro que se moveu rápido por aquele espaço e cravou suas garras na pele e carne de Tora que urrou de dor sendo jogado longe. A visão que Hana tinha não podia ser das piores. Seu amigo, que salvara sua vida anteriormente, agora estava em um estado de “quase-morte”, sangrando violentamente e com um monstro sevo em seu encalço a ponto de usar de sua mandíbula deformada para mastigar o rapaz.

— Fuja... Hana... pelo menos você... tem que se salvar. — Disse o Revolucionário com dificuldade e alguns rasgos tão profundos que podiam se ver suas vísceras, enquanto Hana já derramava lágrimas, inconsolável sem saber o que fazer. — Eu... tentarei segurá-lo...
— Hahahahaha acha que pode fazer alguma coisa? — As garras de Wendigo possuem um veneno letal; mesmo que não morra pelas feridas, morrerá pelo dano causado pela substância tóxica! — Afirmou o velho se gabando da habilidade de seu animal.
— Não há como fugir. Este homem não permitirá. E Tora-kun está tão ferido que mal consegue respirar. O que eu faço? O que eu faço? Por que eu sempre dependo de alguém para me salvar? — Pensava ela sozinha e aflita diante daquele cenário terrível. — Chegou a hora de eu lutar com os meus próprios punhos! — Disse ela em alto e bom tom desta vez, depois de se lembrar do objetivo que a colocou ali e de tudo que passou sabendo que lutar para salvar a si e a Tora era a única opção. — Eu prometo que vencerei!
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